quarta-feira, 30 de maio de 2012

Capítulo 8


- Mi, quer que eu segure a Lua pra você?- Perguntou Daniel, prestativo como sempre.
- Sim, por favor.- Respondi entregando Lua em seus braços. Então segui até o atendimento.
- Boa tarde... Senhora Milene.- Falou o homem de meia idade, sentando em uma cadeira de plástico, na frente de um computador.
- Boa tarde.- Respondi.
- Me empreste seus documentos, e os da criança.- Eu os fiz. Entreguei tudo.
- Qual é o nome do pai da criança?- Perguntou.
- Não quero colocar... Só o meu mesmo.- Pra ele aquilo era normal, mas pra mim era o fim. Era a coisa mais triste da minha vida. 
Depois de alguns minutos, a pequena Lua estava registrada. Então fomos ao encontro de Neymar. Eu estava sentindo algo muito estranho dentro de mim, um aperto no peito, um frio na barriga. 
Enfim chegamos. Neymar estava do lado de fora, sentado em uma das mesas. Pedi que Daniel fosse pra casa com a Lua, pra que eu resolvesse esse assunto. 
- Oi.- Neymar falou se levantando e me cumprimentando.
- Pode falando tudo. 
- Calma... Senta.
- iai?
- Bom... 
- Vai, desembucha!
- É sobre o Lucas.- Quando ele falou isso, senti minhas pernas tremerem. Engoli seco, e falei:
- O que é tão sério?
- Ele acha que você teve filho de outro, e que já está em outra. 
- Eu sabia que isso ia acontecer. Sabia...
- Até aí, tudo bem.
- Tudo bem?- Perguntei irônica.
- É. O que complica vem agora. 
- Me diz...
- Ele entrou em depressão profunda, e tentou se matar. 
- Fala que isso é mentira. Pelo amor de Deus!- Meus olhos se encheram de lágrimas, e comecei a suar frio. Aquilo não podia ser verdade.
- Bem que eu queria que fosse. Milene, ele está internado em uma clínica psicológica na Ucrânia! Ele parou a carreira dele como jogador! Você tem noção disso? - Eu não conseguia falar mais nada. Eu estava de pés e mãos atadas. Não podia sair do país por menos de 40 dias, e não tinha como falar com ele. Mas eu precisava.
- Milene, você é a única pessoa desse mundo que pode tirar ele dessa situação! - Aquilo foi como se ele tivesse enfiado uma espada samurai em chamas no meu peito. Nunca tinha me sentido tão culpada. 
- Eu o amo...- Foi a única coisa que consegui falar. Mais nada. Minha cabeça girava, girava...
- Eu sei disso. E é por isso que vim te contar. 
- Eu preciso dar um jeito. Mas não posso!- Falei desesperada.
- Se acalma... Ele está sendo tratado com os melhores psiquiatras, psicólogos da Ucrânia. E a mãe dele viaja pra lá hoje mesmo. Mas ele precisa de você.
- E eu preciso dele.- Falei em meio as lágrimas.
- Agora se acalma. Quer que eu te leve pra casa? E cadê a Lua?
- Uma outra história complicada. Mas te conto no caminho. 
- Eita Milene... O que seria de você sem essas confusões?
- Não sei... Minha vida sempre foi assim. Eu só queria ser uma pessoa comum. Sabe? Ter um marido que trabalha pra me sustentar, chega em casa e nossa filha vai correndo de encontro a ele gritando "papai".. E ele vem com ela no colo, e me dá um selinho, dizendo que está com fome e adora minha comida. Depois de colocar nossa filha na cama, nós faríamos amor. Dormiríamos de conchinha, e acordaríamos cedo no outro dia para nossa rotina de sempre. Custava ser assim?- Neymar sorriu, me abraçou, e falou:
- Qual é a graça do simples? 
- Nenhuma. Mas sofrer também não é legal, né?
- Tem razão. Mas tenho certeza que vai dar tudo certo. Você e o luquinhas merecem ser felizes juntos, com a filhinha linda de vocês. 
Eu sorri, e o abracei. Ele era meu irmão. Neymar me fazia muito bem. Mas eu estava querendo surtar, ou ter uma crise de amnésia. Só queria esquecer tudo aquilo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Capítulo 7


Então eu não retribuí aquele abraço. Diferente do que ele esperava, eu o empurrei levemente com a mão.
- O que foi?- Falou Daniel espantado.
- Vai com calma.- Respondi tentando entender tudo aquilo.
- Eu sei, você está assustada.- Disse ele se afastando por fim.
- Não, não. Eu to normal. Meu amigo morre, muda minha vida completamente, e depois ressucita, e ainda aparece na porta de casa! Como você queria que eu estivesse?- Explodi gritando, e colocando tudo pra fora. Foi inevitável que lágrimas saissem de meus olhos. Eu estava completamente abalada. Não sabia o que pensar, o que fazer. Então, ele sem dizer mais nada, apenas me abraçou bem forte. Eu senti paz, depois de tanto tempo sofrendo. 
- Tá, agora chega disso. Vamos seguir em frente. Preciso ir no consulado brasileiro, acertar meu visto.- Disse Daniel, tentando mudar o assunto e quebrando aquele clima pesado.
- Antes, me ajuda?- Pedi a ele.
- Claro! Do que precisa de mim?- Respondeu de pronto.
- Bom... Eu estava indo registrar a bebê. Mas...- Engoli seco ao lembrar que não poderia colocar o sobrenome de Lucas nela, e nem como pai. Isso me entristessia.
- Mas...?
- Ai Dan... Não sei o que vou fazer. Vou cuidar dessa menina sozinha? Tudo bem que o Neymar me ajuda no possível, a mãe do Lucas também... Mas, falta alguma coisa aqui dentro.
- Eu sei... Essa sua falta tem nome. 
- Tem sim. Essa minha falta, chama "LUCAS RODRIGUES MOURA DA SILVA".- Respondi sorrindo desanimada.
- E porquê essa carinha?- Perguntou Daniel, percebendo que eu não estava nada bem.
- Porquê eu preciso dele. Eu preciso sentir o cheiro dele, eu preciso do sorriso dele. Eu quero que ele veja nossa filha. Eu quero ele de volta! - Respondi com lágrimas nos olhos.
- E o que está esperando?
- Eu? Bom... Tenho que ficar em repouso e de "dieta", por 40 dias. E sinceramente eu não queria que ele me visse nesse estado. Olha meu rosto?- Falei apontando minhas olheiras, cabelo descuidado, enfim... Eu estava horrível.
- Você está linda.- Falou ele com os olhos brilhando.
- Não precisa mentir. Eu sei que não estou nada bem. Talvez eu corra atrás dele quando a menina estiver maior. E eu estiver melhor. - Falei tentando me conformar.
- É, pode ser melhor. Mas e se for tarde demais?- Perguntou Daniel se preocupando.
- Se ele for pra voltar a ser meu, não vai ser tarde demais. E se um dia ele me amou de verdade, eu sei que esse amor não morre de uma hora pra outra... 
- E se ele tiver outra?- Eu não queria pensar naquilo, mas Daniel tinha razão. E se ele estivesse com outra? Meu mundo iria desmoronar. 
- Ele é livre pra fazer o que quiser- Respondi com um imenso nó em minha garganta.
- Sabe que vai ter sempre meu apoio, né?- Daniel disse sorrindo, tentando me acalmar.
- Bom, depois a gente resolve isso. Agora, vamos ao cartório?
- Sim.- Então, entramos no carro, e Josué que estava na esquina nos observando o tempo todo, apareceu, e nos levou até lá.
- Obrigada pela força, Josué.- Falou Daniel, grato por Josué tê-lo ajudado a conversar comigo.
- Disponha. - Respondeu Josué sorrindo. - Então descemos e pegamos a senha.
Estava anciosa para que aquilo acabasse de vez. Mas tinham muitas pessoas na minha frente, por isso fiquei do lado de fora, com Lua no colo. Meu celular tocou, era Neymar.
- Mi, você tá em casa?
- Não, tô no cartório. Porque, aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu. Preciso falar com você urgente. A gente não pode se encontrar depois que você sair daí?
- Você tá me deixando preocupada! Neymar, fala logo o que aconteceu.
- Não posso... Agora não dá, tô no treino.
- Você tá me enrolando desde cedo, Neymar Junior!
- Era bobeira, mas agora é sério. De manhã eu tinha apenas uma suposição, agora tenho certeza. E você precisa saber.
- Ai, ta me matando todo esse mistério.
- Depois te falo, preciso desligar.
- Ok. Então no café do bosque, depois que eu sair daqui te ligo. Certo?
- Certo, Mi. Até. Beijo- Disse Desligando. Eu estava intrigada, preocupada, e com medo do que poderia ser essa tal coisa. Entrei, e encontrei Daniel indo me procurar pois tinha chegado minha vez.

sábado, 26 de maio de 2012

Capítulo 6


- Meu Deus...- Me faltou o ar, tamanho susto que levei.
- Não pode ser, não pode ser, não pode ser...- Comecei a falar desesperada.
- JOSUÉEEEEEEEE!!!!!!!- Gritei, chamando pelo motorista que simplesmente tinha desaparecido. Batia nos vidros tentando sair do carro, mas não conseguia.
- Calma!- Disse ele, com um olhar tranquilo, me fazendo tremer dos pés à cabeça.- Era impossível aquilo estar acontecendo.
- Da...Daniel- Completei pasma. Então ele sorriu e colocou meu cabelo atrás da orelha.
- Eu voltei.
- Isso é impossível! Você morreu! Meu Deus, você é um fantasma? - Ele riu, e disse:
- Eu posso explicar. Eu não morri... E muito menos sou um fantasma! Agora se acalma, para de gritar, e vamos conversar. 
- Nem sei o que dizer... Eu só... Me deixa apenas... Olha, Dan...- Eu estava tão confusa, que não conseguia completar uma linha de raciocínio que pudesse haver naquele momento. Qual seria a explicação mais sensata pra aquela situação? O que, será que deram sangue de vampiro pra ele? Será que uma mulher com super poderes encontrou ele, e o curou? Isso não fazia sentido. Isso fazia apenas parte de ficção, não existia de verdade. Ou será que ele forjou a própria morte pra se afastar de mim? Ele não poderia ser tão cruel.
- Alô? Planeta terra chamando!- Disse ele num tom sarcástico, estalando os dedos e me fazendo voltar daquele poço de pensamentos em que eu tinha quase me afogado.
- Só me dá um tempo pra poder compreender como isso é possível. Por favor...- Falei respirando fundo, e colocando Lua no banco, pra poder conversar com Daniel.
- Tudo bem... Eu espero você lá fora.
- Tá.- Respondi abaixando, e encostando minha cabeça em Lua. Lágrimas desciam por meus olhos, e minha cabeça doía, tamanho susto que eu tinha levado com tudo aquilo. Então as enxuguei, deixei Lua dormindo dentro do carro e saí para conversar com Daniel. 
Saí do carro, e ele estava sentado na calçada com a cabeça no meio dos joelhos dobrados.
- Pode começar.- Falei me apoiando na traseira do carro. Então ele levantou a cabeça, me olhou com aqueles olhos verdes, e sorriu.
- Bom... Quando eu sofri o acidente, o caminhão não chegou a bater em mim. Eu desviei antes. Mas meu carro caiu no lago, e eu também. Todos pensam que aquele lago é profundo, mas se enganam. No máximo que deve ter, é uns 10 metros. Mas enfim... Quando eu cai, bati com a cabeça e fiquei inconsciente. Meu carro tem vedamento contra água, mas eu realmente não sabia que era tão bom! Mesmo assim, a correntesa levou o carro até uma parte onde poucos conhecem, e lá tem uma aldeia indígena. Dá pra acreditar? 
- Eu não duvido de mais nada...- Falei suspirando.
- Então, eles me acharam desacordado, isso depois de uns 3 dias... Não sei como sobrevivi. Mas enfim, eles me resgataram, e cuidaram de mim até que eu acordasse. E depois de umas semanas, eu acordei. Fiquei apavorado... Eles falavam poucas palavras em francês, o resto era tudo dialétos. Fiquei lá até conseguir me recuperar, e falar com eles... Fiz até umas amizades... E tinha uma india com quem...Bom, você sabe.
- Como é que é?- Falei indignada.
- Bom, eu estava tomando banho de rio, e ela estava lá, nua... E... Aconteceu!- Falou rindo envergonhado.
- Nossa, estou emocionada com isso. - Falei irônica.- Eu aqui, sofrendo com sua morte, e você lá, comendo a indiazinha... - Eu realmente estava pasma. 
- Calma... Posso terminar?
- Agora que começou, termina né... Mas porquê você saiu de lá? 
- Bom... Descobriram que eu tirei a pureza da índia, e eles queriam me matar.
- Bem feito!
- Aí, eu fugi. Fiquei perdido alguns dias na selva, mas consegui achar um dono de um barco que me levou até Marsella. E descobri que você tinha vindo embora...
- Pois é. Eu vim, porque eu não ia aguentar ficar com a sombra da sua morte, lá em Marsella. - Respondi fazendo ironia.
- Mas eu voltei. Voltei pra você. Voltei pra te ajudar, ainda mais agora... 
- Mas você veio pra ficar?- Ele se levantou, e em minha frente ele ficou. Ele foi chegando mais perto, até que ficou bem próximo de meu rosto. Eu esperava que ele me beijasse, mas não. Ele apenas me abraçou.
- Eu te amo, Milene.- Falou no meu ouvido.
                            Capítulo 5

Elena começou a chorar, então a peguei no colo e  balançando ela, se acalmou. Fui até a janela, olhei pro céu e a lua estava cheia. Olhei pra pequena que estava em meu colo, e disse:
- Você não tem cara de Elena... Que tal "LUA"? ou "LUANA"? - Ela sorriu. 
- Gostou de Lua, filha? - Beijei sua pequena testa e a coloquei no berço de novo. Voltei para a janela, e meu coração se apertou. Eu estava com medo. Eu estava sozinha, perdida. 
- Ai, Lucas... Porque eu te amo tanto? Porque eu te deixei ir? - Respirei fundo, mas já era tarde. Lágrimas escorriam por meus olhos. 
- Eu preciso seguir em frente, mas é impossível! - Fechei a janela, e me deitei. Adormeci por algumas horas, até que acordei com a pequena chorando. 
- O que aconteceu, filha?- Misteriosamente, ela olhou para o porta retratos ao seu lado que tinha a foto minha com Lucas. Então senti um aperto no estômago. Mas, não dei muita importância. Fui tomar um banho, e dar um banho nela. Seria enfim o dia de registrá-la. Mas, eu iria registrá-la sem pai. Mesmo ela tendo um. "Lua Silvestre". 
Telefone tocou, era Neymar:
- Pequena, como estão?
- Bem, Ney! 
- Você vai sair?
- To indo no cartória registrar a bebê.
- Como ela vai chamar.
- Olha, eu pensei em: Elena, Lua, Luana...
- Lua! Em minha homenagem... NeyLua! - Falou rindo.
- Pode ser. Mas, porque queria saber se eu ia sair?
- Eu e a Carol queríamos ir ver vocês! Ela voltou de viagem e tá com saudades de você.
- Poxa... Olha, não sei se demora lá, mas se quiserem vir depois que eu voltar...
- Tudo bem, então vamos.
- Ok! 
- Mi...- Disse ele pigarreando e mudando o tom de voz.
- O que aconteceu Neymar Júnior?
- Esquece, depois te falo. Não é nada importante.
- Ai meu Deus, sempre me enrolando! 
- Relaxa, não é nada de importancia... 
- Espero! Bom, to indo então.
- E, você vai registrar só no seu nome?
- Sim, né.
- Mas e se... Ta bom, faça o que achar melhor!
- Sim.
- Quer que eu mande meu motorista te levar?
- Não precisa se preocupar, eu chamo um táxi.
- Não, claro que não! Em 10 minutos meu motorista tá passando aí!
- Ok, né! Obrigada, Ney. Te amo.
- Te amo também. Beijo, se cuida.- Desliguei o celular e terminei de me arrumar. Desci as escadas, e fiquei na sala esperando o motorista vir nos buscar. Não demorou muito e a buzina tocou. Saí, tranquei a casa, e sai de encontro ao carro. O motorista veio me ajudar a abrir a porta, mas ele estava agindo estranho.
- O que aconteceu, Josué?
- Nada, senhora Milene.
- Sei.- Falei intrigada.  
- Mas e como a Senhora está? E seu bebê?
- Estamos bem! Me virando. 
- Posso vê-la? 
- Claro! - Falei sorrindo e descobrindo o rosto de Lua.
- Meu Deus!- Falou espantado.
- O que foi?- Perguntei curiosa. Então ele disfarçando, sorriu e disse:
- Meu Deus, que menina linda! Parabéns.- O olhei de canto de olho e agradeci. 
Entrei no carro, porém Josué estava demorando pra entrar também. Eu ficava hipnotizada com minha pequena princesinha, e de como ela era parecida com Lucas. Estava observando ela, quando ouço a porta do motorista abrir. 
- Até que enfim, Josué! Que demor... - Levantei minha cabeça, e me assustei com quem estava no lugar de Josué.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Capítulo 4

- Fátima?!- Disse surpresa.
- Eu te levo pra casa.- Respondeu Fátima, entrando no quarto.
- Não precisa se preocupar, eu chamo um táxi.- Falei me negando.
- Olha, Milene... Eu sei que você e o Lucas se separaram, e esse filho é de outro, mas eu nunca ia me negar a te ajudar.- Falou ela.
- Fátima, sério... Eu nem sei como te agradecer.- Respondi tentando compreender aquela situação.
- Não precisa agradecer. Agora... Cadê o bebê?- Indagou a bela morena de meia idade.
- Está tomando um banho, pra irmos embora. Você tem que ver como ela é linda.- Falei sorrindo.
- Imagino... Se for bonita como você.- Respondeu retribuindo o sorriso. Então ela me ajudou a levantar, e me trocar. Logo chegou a enfermeira com minha pequena.
- Aqui está sua filha, Dona Milene.- Disse a enfermeira, me entregando. Então Fátima que estava sentada do outro lado do quarto levantou-se, e disse:
- Deixa eu ver essa menin...- E quando ela a viu, parou espantada, e confusa me olhou nos olhos. Não consegui esconder, apenas desviei o foco da conversa, e falhei.
- Pode pegá-la no colo, se quiser...- Então ela pegou a pequena menina no colo, e eu continuei:- E... Como ele está?- Perguntei. Ainda confusa, ela me olhou, e disse:
- Está difícil dele se acostumar... Lá é muito frio, a língua é bem difícil... E bom, ele pensa que você está com outro.- Terminou firme.
- Tenho saudades dele... Mas sei que ele fez a escolha certa. Espero que ele seja feliz.- Falei com um nó em minha garganta.
- E você, Milene? Fez a escolha certa? Você está feliz?- Minha respiração falhou, demorei alguns segundos pra responder, então eu disse:
- Estou muito feliz, tenho minha filha. Ela não é linda?- Falei com os olhos cheios de lágrimas.
- Ei... Não chore. Sua filha é linda, e desejo toda sorte a você. Você merece ser feliz. Agora, me diz uma coisa... - Minhas pernas tremeram, se eu mentisse ela iria saber, se eu falasse a verdade, meus planos iriam por água abaixo.
- Quem é o pai dessa criança?- Fátima olhou a menina, que era exatamente a cópia de Lucas, sorriu, e me olhou.
- É mais complicado do que parece. - Falei, e uma lágrima escorreu dos meus olhos.
- Se isso te deixa desconfortável, tudo bem. Não vou te forçar a nada. Perguntei apenas por curiosidade, até porque, não vai mudar em nada. Bom... Vamos?- Assenti com a cabeça, e fomos embora. Fátima me deixou em casa, e me ajudou com algumas coisas. Enfim, minha pequena dormiu, e eu também iria fazer o mesmo, se eu conseguisse.
- Agora que ela dormiu, durma também.- Fátima disse em um tom cuidadoso.
- Difícil.- Respondi, abrindo um sorriso cansado.
- Qual vai ser o nome dela?
- Estava pensando em Elena. O que acha?
- Bonito, muito bonito.
- Então está decidido.- Sorri, e Fátima me abraçou. Fiquei espantada, mas eu acabei retribuindo o abraço.
- Agora preciso ir. Se cuida. - Disse Fátima se afastando.
- Obrigada mesmo, Fá. Não sei como agradecer.- Respondi sorrindo.
- Não precisa agradecer, e se precisar me liga. Certo?
- Ok. Obrigada denovo.- Então peguei Elena no colo, e beijei a pequena testa que ela tinha. Fátima se foi, e então fiquei sentada na cama com Elena no colo. Meu Deus, como alguém poderia ser tão perfeito? E como eu poderia amar tanto aquele serzinho, que acabara de nascer? Coloquei-a no berço, e olhei o porta retrato com a foto minha e do Lucas. Senti todos os pelos do meu corpo se ouriçarem de um modo estranho. De repente, a janela abre com toda a força, e a cortina branca e fina, se levanta. Uma brisa leve e gelada tocou meu rosto, então um arrepio tomou meu corpo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Capítulo 3


Acordei e já estava no quarto, Neymar me observava sentado no sofá. Então eu me sentei na cama, e perguntei:
- Cadê minha filha?
- Está no berçário, eles estão dando banho nela, e já trazem.
- Hunf...- Inspirei, e ele se aproximou de mim.
- Me conta.
- O quê?
- Tudo. Como foi lá na França, porque voltou... 
- Bom... No começo, foi ótimo. Fiz amizade com um colega do meu pai, e nós saímos juntos, e ele me fazia muito bem...- Um nó se formava em minha garganta, quando eu lembrava de Daniel.
- E?- Neymar perguntou impaciente.
- Bom... Ele se apaixonou por mim. Como todos os outros... - Então uma lágrima escorreu por meu rosto, eu abaixei para que Neymar não percebesse, mas era tarde demais.
- Ei, porque se tá chorando, preta?
- Então... Eu descobri que estava grávida. 
- Ele é o pai?- Neymar perguntou assustado.
- Eu fui contar pra ele, mas o problema é que foi justamente quando ele iria me pedir em namoro...
- Mas, não to entendo... Se o filho é dele...- De repente, Neymar arregalou os olhos, e disse: - Milene Silvestre... Não vai me dizer que o pai é o...
- Sim.- O interrompi.
- Não acredito. Não acredito.- Falou Indignado, e ficou andando de um lado pro outro repetindo isso.
- Ei! Deixa eu terminar?
- Tá... Continue seu relato.
- Eu contei pra ele que eu estava grávida do Lucas, e que eu ainda o amava, e nós brigamos. Ele bateu com o carro, e morreu. - Neymar espantado, me olhou e eu não aguentei e chorei.
- Minha vida é um desastre, Ney... Desastre!
- Não fala isso! Você só não achou a pessoa certa.
- Achei! O Lucas é o amor da minha vida, mas eu errei demais com ele, e não tem mais volta.
- Quem disse?
- Eu disse.
- Você acha que ele não vai voltar correndo pra você quando souber que a menina é dele?
- É nisso que vamos chegar. Eu não quero que ninguém saiba. 
- Porque não?
- Já sofri demais, não aguento mais sofrer... Deixa eu ser feliz com minha pequena.
- E viver na solidão? Um amor mal resolvido é a pior coisa que possa existir, Milene!
- Eu sei...- Falei com os olhos cheios de lágrimas.
- Teimosa como sempre. 
- Por favor...- Peguei em suas mãos, e disse: Você foi a única pessoa que me restou, e a única que eu confio. Não conta pra ninguém, tá?
- Tá! Pra todos os efeitos, sua filha é do Daniel.
- Isso. 
- Bom... E como ela vai chamar?
- Ainda não sei... 
- Que tal, Maria Antonieta?- Falou Neymar debochando.
- PFFFFFF- Comecei a rir.
- Brincadeirinha... Bom, preciso ir treinar. Qualquer coisa me liga. Você vai ficar bem?
- Eu sempre fico.- Neymar beijou minha testa, e me deixou. 
Depois que Neymar se foi, as enfermeiras trouxeram a minha pequena pro quarto, e eu dei de amamentar pela primeira vez. Era estranho, encomodo... Mas quando eu olhei aqueles pequenos lábios sugando com todas as forças, meu coração amoleceu e eu senti o amor mais puro e verdadeiro nascer em meu peito. Era um instinto de protegê-la, de amá-la, com todas as minhas forças... E era o que eu iria fazer. A partir de hoje, minha vida seria cuidar da minha pequena. Minha menina... 
Decidi ligar pra minha mãe, pra contar as novidades. Ela e meu pai ficaram todos orgulhosos e queriam mimar a netinha, disseram que viriam pro Brasil me ver o mais rápido possível. 

Queria tanto que a Carol voltasse ser o que ela sempre foi comigo... 

- Bom dia, Dona Milene! Está pronta pra receber alta?
- Já?- Falei espantada.
- Sim! A senhora teve parto normal, e sua filha esbanja saúde. Pode ir embora. Mas mantenha repouso. Certo?
- Certo! Bom... Vou ligar pro Neymar vir me buscar.
- Ok! Enquanto seu marido não vem, eu vou dar um banho na menina.
- Ele não é meu marido... Eu sou solteira.
- Desculpe, Senhora.- Falou a enfermeira envergonhada.
- Tranquilo.
Então ela saiu e levou a pequena pro banho.
- Ney?
- Oi, preta! Como estão?
- Recebemos alta! 
- Poxa, e agora? Estou concentrado, não tenho como ir te buscar... 
- Relaxa, eu me viro, chamo um taxi...

- Eu te levo.- Disse a voz que vinha da porta.