domingo, 22 de janeiro de 2012

Capítulo 22

Dormi tranquilamente, depois de um bom tempo. Acordei no outro dia, com som de buzina. Levantei assustada, vesti uma camiseta qualquer, e um shorts. Calcei meu chinelo, e fui até a porta. Era Daniel.
- Oxi, Daniel, o que você tá fazendo aqui?
- Ah, seus pais saíram cedinho, e pediram pra eu te fazer companhia.- Respondeu rindo.
- E você vai obedecer?- Falei gargalhando.
- Claro... A não ser que você não queira!
- Claro que quero... Entra!- Disse pra ele. Então ele entrou.
- Olha, vou me arrumar, e já saímos, certo? Se meu celular tocar, provavel que seja meus pais, você atende pra mim, e fala que vou sair com você e pra eles não se preocuparem?
- Sem problemas...
- Obrigada!- Falei indo pro banho. Tomei uma ducha refrescante. Estava me vestindo, quando ouço meu celular tocar, saí correndo pra atender, mas Daniel já tinha atendido.
- Alô? Ela não está, ela está tomando banho, porque vai sair comigo... Quem é? Quer deixar recado? Alô?- Falou ele olhando pro celular. - Acho que ele desligou...
- Quem era?- Perguntei, sentindo um frio subir por minha coluna.
- Era um tal de "Lucca"(Ele não sabia pronunciar direito "Lucas",  por causa do sotaque francês)-
- LUCAS?- Perguntei indignada.
- Acho que era isso...
- Ai meu Deus... - Peguei o celular da mão dele, e fui ver o número "Número restrito". Entrei em desespero. O que Lucas estaria pensando de mim? Que eu superava fácil demais ele, que eu não o amava de verdade. Mil coisas se passaram pela minha cabeça. Comecei a chorar, Daniel perdido, pegou um copo de água com açúcar, e me deu pra eu me acalmar. Eu tomei, e vomitei na hora.
- Milene, você tá bem?- Perguntou desesperado.
- NADA bem.- Respondi, nervosa. Minha mão tremia, minha cabeça girava.
- Desculpa, não sabia que era Lucca!- Falou Daniel, andando de um lado pro outro, nervoso, resmungando algumas coisas em francês.
- Calma, Daniel! Você não tem culpa, a culpa é toda minha, como sempre...Mas...- Senti uma pontada forte em minha barriga, e a ância veio de novo.- Agora, me leva no médico, por favor!- Ele assentiu, e fomos pro carro dele. Ele me levou em um pronto socorro. Ficamos esperando horas por um médico, até que nos atendeu. Eu entrei sozinha, ele ficou na espera. Entrei na sala, era uma médica loira, cabelo chanel, de olhos verdes. Sorrindo, ela me perguntou o que estava acontecendo. Eu expliquei, tudo. Então ela pediu alguns exames de sangue, e pediu pra eu tomar soro, pois eu estava desidratada. Eu os fiz. Os exames chegaram.
- Bom, Dona Milene, a senhora deve ter pego uma infecção estomacal... Não há muito o que fazer, tente comer coisas leves, ok?
- Obrigada, doutora!
- Por nada... Mas, que mal lhe pergunte, você é amiga do Daniel?
- Ele é amigo do meu pai... Você o conhece?
- Sim! Sou esposa do melhor amigo dele, Emilien.
- Ah... Prazer! Daniel me falou de você... Está gravida, certo?
- Sim... Olha...- Disse ela se levantando. A barriga dela estava enorme, e linda. Como eu gostaria de poder ter ficado assim de um filho do Lucas, mas infelizmente, não aconteceu, e nunca mais iria acontecer. E se não fosse com ele, não seria com mais ninguém.
- Linda! Parabéns, Doutora!- Disse sorrindo.
- Petra, pode me chamar de Petra!- Falou sorrindo e se sentando.
- Bom, Petra, preciso ir! Até mais.
- Até, querida.- Falou se despedindo. Então eu saí da sala, e encontrei Daniel cochilando no banco de espera.
- Acorda, dorminhoco!- Falei cutucando ele, até ele acordar, assustado.
- Nossa, que demora... Mas iai?
- Bom, foi só uma infecção estomacal...
- Entendi... Que bom, né?
- Sim!- Respondi. - Mas, você deve estar cansado hein, pra durmir assim?- Perguntei.
- Ah, não durmo direito desde que lili se foi- falou abaixando a cabeça.
- Ela se foi? De vez?- Perguntei, tentando ser compreensiva.
- Sim. Ela se foi. Foi pra Suíça, com os pais, e nosso bebê.- Senti que quando ele disse "Bebê", sua voz embargou, e a tristeza era evidente em sua face.
- Poxa, Dani... Estamos sozinho então, né?- Falei descontraindo.
- É, Mi... Somos só eu, e você contra o mundo- Respondeu ele gargalhando.
- É... - Pigarreei, e fechei o sorriso.- Dani, o que o Lucas falou na ligação?- Perguntei.
- Ele procurava por você, mas, quando eu disse que você iria sair comigo, ele desligou... - Então, ele abaixou a cabeça e disse:- Só faço besteira... Meu senhor!
- Relaxa, Dani... Eu não queria falar com ele. Não mesmo.- Eu estava dizendo com um fundo de verdade.- Ele precisa me esquecer, e seguir em frente. Assim como eu e você! É o que nos resta. A vida não nos deu escolha.- Falei segurando sua mão. Ele sorriu, e afagou minha cabeça.
Capítulo 21

- Oi, Milene.
- Fátima?
- Sim, querida! Como anda a viagem?
- Ah, tá tudo ótimo!
- Que bom... Só estou ligando pra saber de você, e pra avisar que o Thiago saiu do coma!
- Poxa, que bom, Fá! Fico feliz por ele...
- É, graças a Deus...
-  E o Lucas?-  Perguntei, com uma dor na garganta, desfazendo os nós que se formavam toda vez que eu falava dele.
- Está bem... Tadinho, ontem ele me ligou chorando, de saudade.- Não, ela não estava falando aquilo pra mim... Ela sabia que eu ficava muito mal só de pensar em ver ele sofrer... Respirei fundo, e respondi:
- Coitado... Mas, é a vida. Fica bem... Fá, preciso desligar! Até mais, beijo.
- Beijo...- Falou desligando. Olhei pra Daniel, e disse:
- Podemos ir?
- Claro, como quiser!- Respondeu sorrindo. Então fomos, Daniel me deixou na porta de casa.
- Obrigada por tudo, Daniel.
- Às ordens! Se precisar, me liga... Olha meu número tá no cartão aí. - Disse ele me entregando seu cartão de visita.
- Obrigada, de novo. Sinto que seremos grandes amigos.- Falei rindo.
- Também senti isso. Espero que sim. Boa sorte, tá?
- Pra você também!- Disse saindo do carro. Ele buziou e foi embora. Entrei em casa, e encontrei minha mãe na varanda, lendo. Ao me ver, ela abaixou o livro, tirou os óculos, e disse sorridente:
- Saiu com o Dani, filha?
- Sim mãe! - Respondi sorrindo.
- Ah, que ótimo! Ele é uma pessoa maravilhosa... Gostei da idéia de amizade entre vocês, quem sabe você não esquece o...- Ela pausou, e continou:- Desculpa filha, não era minha intenção falar dele.
- Tudo bem mãe. É inevitável não falar dele.- Ela murchou os olhos, e disse:
- E o enjoo?
- Bom, melhorei... Mas, estou a base de Dramim... Acho que a virose foi feia!
- É... Bom, já vai dormir?
- Sim, estou cansada!
- Tudo bem, boa noite, filha!
- Boa noite, mãe. - Beijei sua testa, e entrei. Fui até meu quarto, tirei os sapatos, amarrei o cabelo em um coque, e fiquei apenas de calcinha, em frente ao espelho. "Olha como o avião me deixa inchada? Preciso fazer urgentemente uma drenagem linfática"- Pensei. Fui beber um copo de leite, na cozinha. Depois voltei pro quarto, no caminho, senti ancia denovo. Vomitei. Comecei a ficar preocupada, mas não queria falar nada pra minha mãe. "Se amanhã eu continuar assim, eu vou no médico". Lavei meu rosto, e fui dormir.