segunda-feira, 26 de março de 2012

Capítulo 2


Fúria, ódio, confusão. Esses eram apenas alguns dos sentimentos que eu estava sentindo alí, naquele altar, com minha pequena Milene à minha frente, olhando para mim indignada, acreditando nas palavras de Paulo Henrique. Eu passava por tudo tranquilamente, mas vê-la chorar, era como se alguém me nocauteasse. 
-Acredita em mim, Milene.- Foi meu pedido mais desesperado. Aliás, foi a única coisa que conseguiu sair da minha boca. Seu olhar desnorteado, confuso, desesperado, me passaram medo. Não confiava em seus atos, infelizmente Milene tinha atitudes estranhas em situações desesperadoras, portanto eu fiquei temeroso, esperando que algo acontecesse, de fato aconteceu, e me pegou de surpresa. Ela fugiu. 
- MILENE!- Gritei desesperado. Em vão, pois Milene saiu correndo, aos prantos, em direção a praia. Tentei acompanhá-la, porém Ganso me impediu. Neymar foi atrás dela, mas talvez fosse tarde demais. Ela tinha desaparecido, minha cabeça estava a mil por hora, pensando em tudo que poderia acontecer... E se ela morresse? Eu me culparia eternamente por não ter me defendido daquela acusação. Nayara grávida? Que argumento mais ridículo para se acreditar, mas ela acreditou.
- MILENE!- Gritei mais uma vez, tentando me soltar de todos que me seguravam.- ME SOLTA!- Falei me irando. 
- Calma filho, ela vai ficar bem. Dê um tempo pra ela esfriar a cabeça... Esfria a sua também, olha tudo que aconteceu!- Disse minha mãe desesperada, tentando me impedir de fazer alguma besteira e piorar aquela situação.
- Mãe, eu a amo...- Segurei as lágrimas que teimavam escorrer por meu rosto.
- Eu sei filho... Mas quem ama tudo suporta, tudo crê, tudo confia, tudo espera. Se você a ama, e se ela te ama, ela vai voltar e ser sua, não importa o que aconteça. - Os olhos de minha mãe estavam brilhando, por causa de lágrimas que se acumulavam. Eu apenas a abracei, nada mais me daria conforto além dos braços da minha querida mãezinha... 
- Mãe, e se ela se matou? Mãe, se ela morrer, eu...- Pausei e me ajoelhei no chão da igreja, olhei para os céus, e implorei com o resto de forças que ainda restavam em mim:
- Deus, se o Senhor está me ouvindo, não a deixe morrer... Perdoa ela por tentar tirar sua vida... Eu a amo- Solucei, olhei para a aliança que estava em meu dedo, a beijei, e continuei:- Eu não viveria num mundo ao qual ela não existisse. Se ela morrer, eu também morro. Eu a amo,  mais do que qualquer coisa em minha vida, se ela não for pra ser minha, tudo bem. Mas deixe ela viver."- Enxuguei minhas lágrimas, e terminei de me sentar no chão. Minha mãe se sentou ao meu lado, e me abraçou, coloquei minha cabeça em seu colo, e ela me acariciava. Eu a olhei, e disse sorrindo:
- Você está linda. Minha rainha. - Ela sorriu, e respondeu:
- Você sempre foi bobo... Meu bebê. Não chora, por favor... Ninguém é digno das lágrimas do meu pequeno.- Por mais que eu quisesse concordar com ela, não era por "alguém" que eu estava chorando, era por Milene. A mulher da minha vida. 
Me levantei, e fui até meu carro. Minha mãe foi ver Milene por mim, se a tinham achado. 
Me sentei no banco, e dei um soco no volante, eu estava morrendo de raiva de Ganso, aquele desgraçado. O que mais me dava ódio, era que ele teve o tempo todo pra me separar de Milene, mas ele resolveu ir no meu casamento. Sabendo o quão Milene é sensível... Minha vontade era de caçar aquele filho da .... Até o fim do mundo, e matá-lo. Mas nada disso iria me trazer Milene de volta. Nada do que eu fizesse nesse momento. Eu a queria, mas teria que respeitar seu espaço. 
- EU SOU UM IDIOTA!- Esbravejei, ligando o carro e cantando pneu. Fui até em casa, entrei no meu quarto, e a primeira coisa que fui procurar foi meu celular, e ligar pra Neymar pra saber se estava tudo bem. Só chamava. Desespero bateu mais forte do que tudo, procurei me controlar, mas era impossível.
- ATENDE PORRA!- Gritei no celular, enquanto as chamadas estavam sendo encaminhadas para a caixa de mensagens do Neymar. Tentei mais uma vez e nada. 
- DESISTO!- Explodi jogando o celular em cima da cama e me levantando, indo até o banheiro. Tirei meu terno, depois minha camisa, fiquei apenas de cueca, olhando o porta retratos que tinha a foto de Milene e eu. Acabou? Eu não queria aceitar. Meu celular tocou, sai correndo, e atendi:
- Lucas?- Era Neymar.
- Cara como ela tá? - Perguntei desesperado.
- Ela tentou se matar... Bateu a cabeça em uma pedra, desmaiou, bebeu muita água, e ...- O silêncio tomou conta, assim como meu desespero.