Capítulo 30
Sequei minhas lágrimas, respirei fundo, me levantei, e fui ao banheiro lavar meu rosto e me vestir. Uma enfermeira entrou no quarto, e perguntou ao Emilien se eu estava bem, ele respondeu que sim, e ela me liberou.
- Obrigada, Emilien. Bom, estou voltando para o Brasil.
- Tem certeza?- Disse ele preocupado.
- Sim. É minha única saída. Não vou conseguir ficar aqui, sem o Daniel.- Falei abaixando a cabeça.
- Entendo... Ok, mas se cuida. E cuida do menino.- Falou passando a mão na minha barriga.
- Menino?- Falei.
- É, vai ser um menino. Enquanto você dormia, Petra te examinou, e comprovou que é um menino... E é super saudável, tem um coraçãozinho, que bate rápido como uma escola de samba.- Disse rindo. Só aquilo poderia alegrar meu dia. O meu pequeno, veio em hora certa. Seríamos só eu, e ele, a partir de agora.
- Ai, não acredito! - Falei emocionada.
- Parabéns... Já sabe qual o nome?- Perguntou.
- Sim... Daniel Silvestre Moura.- Falei convicta. Emilien espantou-se, porém sorriu, e entendeu.
- Ele ficaria muito feliz, em saber que seu filho terá o nome dele... - Disse Emilien.
- É, ele merece. - Falei engolindo o nó em minha garganta.
- Manda notícias, ok?
- Pode deixar. Manda um beijo pra Petra. Bom, vou indo. - Me despedi, e fui para casa, pegar minhas coisas. Ao mexer na gaveta, encontrei o crucifixo do Lucas. O peguei, e coloquei em meu pescoço. Coloquei o anel que Daniel tinha me dado, em minha mão direita, como sinal de amizade eterna. Fiz minhas malas, e liguei para minha mãe:
- Mãe?
- Filha, é verdade?
- O que?
- Daniel... M..Morreu?
- Si..Sim, mãe.- Falei soluçando.
- Meus pêsames. Você deve estar péssima!
- Mãe, estou grávida!
- MEU DEUS, DO CÉU!- Falou e ficou em silêncio por alguns segundos.
- Mãe?
- É do Daniel?
- Claro que não, mãe! Nós eramos apenas amigos. Nunca tivemos nada... A não ser um beijo que Daniel me deu, mas foi só da parte dele... É do Lucas.
- E agora?
- Vou voltar pro Brasil.
- Não vai, não!
- Vou, sim. E fim de papo. Não vou ficar em Marselha, me torturando com a morte de Daniel.
- Mas como você vai fazer?
- Eu me viro.Tenho dinheiro, e a casa ainda não vendeu, nem o iate. Me viro.
- Tudo bem... Mas, se cuida filha! Eu e seu pai, te amamos.
- Eu também. Preciso desligar, beijos.
- Manda noticias!
- OK.- Desliguei o celular, e liguei para um Taxi. Ele me levou até o aeroporto. Comprei minha passagem, e fiquei na sala de espera. Toda minha vida estava passando diante dos meus olhos.
Embarquei no avião. Dormi, ou tentei. Tive pesadelos horríveis a noite toda. Acordei com a freada do avião.
"Senhores passageiros, sejam bem vindos ao Brasil". Foi como um Deja vu, estar voltando para um lugar, que aconteceu tantas coisas em minha vida. Desci do avião, fechei os olhos, respirei fundo, e falei: "Ah, meu Brasil! Cá estou eu... Um bom filho a casa torna!". Fui para um cafeteria, depois, decidi ir para a casa do Neymar. Estava destraída andando pelo aeroporto, quando esbarro em alguém.