Capítulo 3
Acordei e já estava no quarto, Neymar me observava sentado no sofá. Então eu me sentei na cama, e perguntei:
- Cadê minha filha?
- Está no berçário, eles estão dando banho nela, e já trazem.
- Hunf...- Inspirei, e ele se aproximou de mim.
- Me conta.
- O quê?
- Tudo. Como foi lá na França, porque voltou...
- Bom... No começo, foi ótimo. Fiz amizade com um colega do meu pai, e nós saímos juntos, e ele me fazia muito bem...- Um nó se formava em minha garganta, quando eu lembrava de Daniel.
- E?- Neymar perguntou impaciente.
- Bom... Ele se apaixonou por mim. Como todos os outros... - Então uma lágrima escorreu por meu rosto, eu abaixei para que Neymar não percebesse, mas era tarde demais.
- Ei, porque se tá chorando, preta?
- Então... Eu descobri que estava grávida.
- Ele é o pai?- Neymar perguntou assustado.
- Eu fui contar pra ele, mas o problema é que foi justamente quando ele iria me pedir em namoro...
- Mas, não to entendo... Se o filho é dele...- De repente, Neymar arregalou os olhos, e disse: - Milene Silvestre... Não vai me dizer que o pai é o...
- Sim.- O interrompi.
- Não acredito. Não acredito.- Falou Indignado, e ficou andando de um lado pro outro repetindo isso.
- Ei! Deixa eu terminar?
- Tá... Continue seu relato.
- Eu contei pra ele que eu estava grávida do Lucas, e que eu ainda o amava, e nós brigamos. Ele bateu com o carro, e morreu. - Neymar espantado, me olhou e eu não aguentei e chorei.
- Minha vida é um desastre, Ney... Desastre!
- Não fala isso! Você só não achou a pessoa certa.
- Achei! O Lucas é o amor da minha vida, mas eu errei demais com ele, e não tem mais volta.
- Quem disse?
- Eu disse.
- Você acha que ele não vai voltar correndo pra você quando souber que a menina é dele?
- É nisso que vamos chegar. Eu não quero que ninguém saiba.
- Porque não?
- Já sofri demais, não aguento mais sofrer... Deixa eu ser feliz com minha pequena.
- E viver na solidão? Um amor mal resolvido é a pior coisa que possa existir, Milene!
- Eu sei...- Falei com os olhos cheios de lágrimas.
- Teimosa como sempre.
- Por favor...- Peguei em suas mãos, e disse: Você foi a única pessoa que me restou, e a única que eu confio. Não conta pra ninguém, tá?
- Tá! Pra todos os efeitos, sua filha é do Daniel.
- Isso.
- Bom... E como ela vai chamar?
- Ainda não sei...
- Que tal, Maria Antonieta?- Falou Neymar debochando.
- PFFFFFF- Comecei a rir.
- Brincadeirinha... Bom, preciso ir treinar. Qualquer coisa me liga. Você vai ficar bem?
- Eu sempre fico.- Neymar beijou minha testa, e me deixou.
Depois que Neymar se foi, as enfermeiras trouxeram a minha pequena pro quarto, e eu dei de amamentar pela primeira vez. Era estranho, encomodo... Mas quando eu olhei aqueles pequenos lábios sugando com todas as forças, meu coração amoleceu e eu senti o amor mais puro e verdadeiro nascer em meu peito. Era um instinto de protegê-la, de amá-la, com todas as minhas forças... E era o que eu iria fazer. A partir de hoje, minha vida seria cuidar da minha pequena. Minha menina...
Decidi ligar pra minha mãe, pra contar as novidades. Ela e meu pai ficaram todos orgulhosos e queriam mimar a netinha, disseram que viriam pro Brasil me ver o mais rápido possível.
Queria tanto que a Carol voltasse ser o que ela sempre foi comigo...
- Bom dia, Dona Milene! Está pronta pra receber alta?
- Já?- Falei espantada.
- Sim! A senhora teve parto normal, e sua filha esbanja saúde. Pode ir embora. Mas mantenha repouso. Certo?
- Certo! Bom... Vou ligar pro Neymar vir me buscar.
- Ok! Enquanto seu marido não vem, eu vou dar um banho na menina.
- Ele não é meu marido... Eu sou solteira.
- Desculpe, Senhora.- Falou a enfermeira envergonhada.
- Tranquilo.
Então ela saiu e levou a pequena pro banho.
- Ney?
- Oi, preta! Como estão?
- Recebemos alta!
- Poxa, e agora? Estou concentrado, não tenho como ir te buscar...
- Relaxa, eu me viro, chamo um taxi...
- Eu te levo.- Disse a voz que vinha da porta.