quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Capítulo 10

- Alô?- Respondeu Dona Fátima.
- Fá? - Disse.
- Sim, Milene... Olha, desculpa por isso que vou fazer, mas é pro seu bem. - Como assim, "O que eu vou fazer?". Engoli seco, e respondi:
- Não estou entendendo, Fá...- Senti uma mão em minha cintura, me faltou a respiração, desliguei o telefone. Senti alguem colocando as duas mãos ao redor do meu corpo, uma respiração falhada ao redor do meu pescoço, depois lábios roçando em minha nuca, todos os pelos do meu corpo se ouriçaram, me virei. Era "ele".
- Lucas?- Ele sorriu e me beijou.- Não o impedi, talvez aquele fosse o último beijo de nossas vidas, e eu ainda o amava. Nossos corpos imploravam um pelo outro, e ambos sabíamos disso.
- Isso é errado...- Falei me afastando de seus braços.
- Porquê? Você é legalmente minha esposa, ainda. E eu sei que seu coração ainda é meu. - Ele tinha razão, mas isso não estava nos planejamentos, eu tinha que me afastar dele, mas era quase impossível.
- Me beija. - Ele disse.
- Não posso.- Respondi. Ele disse:
- Já que você não quer, eu te obrigo.- Ele me pegou no colo, comecei a me debater e gritar "Pára Lucas, pára seu louco". Ele saiu correndo e subiu correndo, comigo no colo, as escadas, até o quarto onde eu estava. Me colocou no chão, e disse:
- O que acontecer a partir de agora, depende de você, não vou te obrigar a nada. E se você não quiser que nada mude, tudo bem, vou entender. - Meu coração estava acelerado, minhas mãos suavam frio, minhas pernas tremiam... Respirei fundo, tentando me controlar, me sentei na cama. Ele estava de pé em minha frente, de braços cruzados, esperando minha decisão. Ele estava lindo: calça jeans cinza, justa no corpo; camisa branca, gola em V; boné preto, aba reta de lado; tênis lacoste, branco. Me levantei. Ele se aproximou, e nos beijamos intensamente. Ele colocou suas mãos abaixo do meu bumbum e me levantou em seu colo. Eu amava beijar aqueles lábios macios. Ele me colocou em cima da penteadeira que havia alí no canto. Ele fechou a porta com o pé, e continuou a me beijar. Delicadamente, fui subindo a camiseta dele, até que terminei de tirá-la. Aqueles ombros torneados e morenos, me enlouqueciam... Ele fez o mesmo comigo, levantou minha camiseta, até que a tirou por completa. Ele me pegou no colo novamente, e me levou pra cama, terminei de tirar minha roupa enquanto ele beijava meu pescoço, e ele fez o mesmo. Ficamos nus. Mais uma vez, ou talvez a última vez, nossos corpos se uniriam e tornariam-se uma só carne e um só espírito. Depois de fazermos amor, nos deitamos um ao lado do outro. Deitei em seus braços, ele cheirava meu cabelo, e beijava minha cabeça, minha cabeça por mais que quisesse, não estava ali... Estava muito longe. Eu não suportaria viver na Ucrânia, e eu também o atrapalharia. Me levantei e disse:
- Já é tarde, melhor você ir.
- Você vem comigo?- Lucas disse olhando esperançosamente para mim.
- Não. E acredite, por mais que doa em ambos, é o melhor para nós. - Ele respirou fundo, e disse:
- Tudo bem... Mas não esqueça de mim, tá? Eu sempre vou te amar, Milene. Sempre. - Eu também o amava, e isso era fato. Mas eu o amava a ponto de deixá-lo ir, só pra ver ele feliz e bem sucedido. Ele levantou-se e começou a se vestir. Eu fiz o mesmo. Eu estava de cabeça baixa arrumando minha sandália nos pés, quando levantei e vi que ele estava chorando.
- Porque está chorando?
- Porque eu vou, mas meu coração fica aqui, com você. - Ele queria me torturar, só podia.
- Vai ser o melhor, já disse. Vá e faça como se eu nunca tivesse existido. Vai ser mais fácil você na Ucrânia.  -Ele terminou de vestir-se, assim como eu. Ele me abraçou, e me deu um selinho.
- Eu te amo. Não esquece.- disse Lucas com um olhar implorando pra que eu fosse com ele. Mas eu estava certa do que fazer. 
- Eu também te amo. Agora vá. - Respondi friamente, tentando disfarçar o desastre que em breve aconteceria em meu coração, sem ele. Ele me olhou pela última vez, respirou fundo e soltou minha mão. Beijou minha testa, virou-se e desceu as escadas. Esse tinha sido nosso último encontro. Á partir de agora, seria apenas eu. Me sentei no canto do quarto, e me desmanchei me lágrimas. Aquilo doía mais do que qualquer coisa que pudesse existir. Eu precisava de Lucas, mais do que o ar que preciso pra respirar. Ele era simplesmente, meu TUDO. Mas às vezes o amor é assim: precisamos deixar ir, pra que haja felicidade pelo menos de um lado. E eu escolhi a felicidade dele.