sexta-feira, 4 de maio de 2012

Capítulo 4

- Fátima?!- Disse surpresa.
- Eu te levo pra casa.- Respondeu Fátima, entrando no quarto.
- Não precisa se preocupar, eu chamo um táxi.- Falei me negando.
- Olha, Milene... Eu sei que você e o Lucas se separaram, e esse filho é de outro, mas eu nunca ia me negar a te ajudar.- Falou ela.
- Fátima, sério... Eu nem sei como te agradecer.- Respondi tentando compreender aquela situação.
- Não precisa agradecer. Agora... Cadê o bebê?- Indagou a bela morena de meia idade.
- Está tomando um banho, pra irmos embora. Você tem que ver como ela é linda.- Falei sorrindo.
- Imagino... Se for bonita como você.- Respondeu retribuindo o sorriso. Então ela me ajudou a levantar, e me trocar. Logo chegou a enfermeira com minha pequena.
- Aqui está sua filha, Dona Milene.- Disse a enfermeira, me entregando. Então Fátima que estava sentada do outro lado do quarto levantou-se, e disse:
- Deixa eu ver essa menin...- E quando ela a viu, parou espantada, e confusa me olhou nos olhos. Não consegui esconder, apenas desviei o foco da conversa, e falhei.
- Pode pegá-la no colo, se quiser...- Então ela pegou a pequena menina no colo, e eu continuei:- E... Como ele está?- Perguntei. Ainda confusa, ela me olhou, e disse:
- Está difícil dele se acostumar... Lá é muito frio, a língua é bem difícil... E bom, ele pensa que você está com outro.- Terminou firme.
- Tenho saudades dele... Mas sei que ele fez a escolha certa. Espero que ele seja feliz.- Falei com um nó em minha garganta.
- E você, Milene? Fez a escolha certa? Você está feliz?- Minha respiração falhou, demorei alguns segundos pra responder, então eu disse:
- Estou muito feliz, tenho minha filha. Ela não é linda?- Falei com os olhos cheios de lágrimas.
- Ei... Não chore. Sua filha é linda, e desejo toda sorte a você. Você merece ser feliz. Agora, me diz uma coisa... - Minhas pernas tremeram, se eu mentisse ela iria saber, se eu falasse a verdade, meus planos iriam por água abaixo.
- Quem é o pai dessa criança?- Fátima olhou a menina, que era exatamente a cópia de Lucas, sorriu, e me olhou.
- É mais complicado do que parece. - Falei, e uma lágrima escorreu dos meus olhos.
- Se isso te deixa desconfortável, tudo bem. Não vou te forçar a nada. Perguntei apenas por curiosidade, até porque, não vai mudar em nada. Bom... Vamos?- Assenti com a cabeça, e fomos embora. Fátima me deixou em casa, e me ajudou com algumas coisas. Enfim, minha pequena dormiu, e eu também iria fazer o mesmo, se eu conseguisse.
- Agora que ela dormiu, durma também.- Fátima disse em um tom cuidadoso.
- Difícil.- Respondi, abrindo um sorriso cansado.
- Qual vai ser o nome dela?
- Estava pensando em Elena. O que acha?
- Bonito, muito bonito.
- Então está decidido.- Sorri, e Fátima me abraçou. Fiquei espantada, mas eu acabei retribuindo o abraço.
- Agora preciso ir. Se cuida. - Disse Fátima se afastando.
- Obrigada mesmo, Fá. Não sei como agradecer.- Respondi sorrindo.
- Não precisa agradecer, e se precisar me liga. Certo?
- Ok. Obrigada denovo.- Então peguei Elena no colo, e beijei a pequena testa que ela tinha. Fátima se foi, e então fiquei sentada na cama com Elena no colo. Meu Deus, como alguém poderia ser tão perfeito? E como eu poderia amar tanto aquele serzinho, que acabara de nascer? Coloquei-a no berço, e olhei o porta retrato com a foto minha e do Lucas. Senti todos os pelos do meu corpo se ouriçarem de um modo estranho. De repente, a janela abre com toda a força, e a cortina branca e fina, se levanta. Uma brisa leve e gelada tocou meu rosto, então um arrepio tomou meu corpo.