Capítulo 6
- Meu Deus...- Me faltou o ar, tamanho susto que levei.
- Não pode ser, não pode ser, não pode ser...- Comecei a falar desesperada.
- JOSUÉEEEEEEEE!!!!!!!- Gritei, chamando pelo motorista que simplesmente tinha desaparecido. Batia nos vidros tentando sair do carro, mas não conseguia.
- Calma!- Disse ele, com um olhar tranquilo, me fazendo tremer dos pés à cabeça.- Era impossível aquilo estar acontecendo.
- Da...Daniel- Completei pasma. Então ele sorriu e colocou meu cabelo atrás da orelha.
- Eu voltei.
- Isso é impossível! Você morreu! Meu Deus, você é um fantasma? - Ele riu, e disse:
- Eu posso explicar. Eu não morri... E muito menos sou um fantasma! Agora se acalma, para de gritar, e vamos conversar.
- Nem sei o que dizer... Eu só... Me deixa apenas... Olha, Dan...- Eu estava tão confusa, que não conseguia completar uma linha de raciocínio que pudesse haver naquele momento. Qual seria a explicação mais sensata pra aquela situação? O que, será que deram sangue de vampiro pra ele? Será que uma mulher com super poderes encontrou ele, e o curou? Isso não fazia sentido. Isso fazia apenas parte de ficção, não existia de verdade. Ou será que ele forjou a própria morte pra se afastar de mim? Ele não poderia ser tão cruel.
- Alô? Planeta terra chamando!- Disse ele num tom sarcástico, estalando os dedos e me fazendo voltar daquele poço de pensamentos em que eu tinha quase me afogado.
- Só me dá um tempo pra poder compreender como isso é possível. Por favor...- Falei respirando fundo, e colocando Lua no banco, pra poder conversar com Daniel.
- Tudo bem... Eu espero você lá fora.
- Tá.- Respondi abaixando, e encostando minha cabeça em Lua. Lágrimas desciam por meus olhos, e minha cabeça doía, tamanho susto que eu tinha levado com tudo aquilo. Então as enxuguei, deixei Lua dormindo dentro do carro e saí para conversar com Daniel.
Saí do carro, e ele estava sentado na calçada com a cabeça no meio dos joelhos dobrados.
- Pode começar.- Falei me apoiando na traseira do carro. Então ele levantou a cabeça, me olhou com aqueles olhos verdes, e sorriu.
- Bom... Quando eu sofri o acidente, o caminhão não chegou a bater em mim. Eu desviei antes. Mas meu carro caiu no lago, e eu também. Todos pensam que aquele lago é profundo, mas se enganam. No máximo que deve ter, é uns 10 metros. Mas enfim... Quando eu cai, bati com a cabeça e fiquei inconsciente. Meu carro tem vedamento contra água, mas eu realmente não sabia que era tão bom! Mesmo assim, a correntesa levou o carro até uma parte onde poucos conhecem, e lá tem uma aldeia indígena. Dá pra acreditar?
- Eu não duvido de mais nada...- Falei suspirando.
- Então, eles me acharam desacordado, isso depois de uns 3 dias... Não sei como sobrevivi. Mas enfim, eles me resgataram, e cuidaram de mim até que eu acordasse. E depois de umas semanas, eu acordei. Fiquei apavorado... Eles falavam poucas palavras em francês, o resto era tudo dialétos. Fiquei lá até conseguir me recuperar, e falar com eles... Fiz até umas amizades... E tinha uma india com quem...Bom, você sabe.
- Como é que é?- Falei indignada.
- Bom, eu estava tomando banho de rio, e ela estava lá, nua... E... Aconteceu!- Falou rindo envergonhado.
- Nossa, estou emocionada com isso. - Falei irônica.- Eu aqui, sofrendo com sua morte, e você lá, comendo a indiazinha... - Eu realmente estava pasma.
- Calma... Posso terminar?
- Agora que começou, termina né... Mas porquê você saiu de lá?
- Bom... Descobriram que eu tirei a pureza da índia, e eles queriam me matar.
- Bem feito!
- Aí, eu fugi. Fiquei perdido alguns dias na selva, mas consegui achar um dono de um barco que me levou até Marsella. E descobri que você tinha vindo embora...
- Pois é. Eu vim, porque eu não ia aguentar ficar com a sombra da sua morte, lá em Marsella. - Respondi fazendo ironia.
- Mas eu voltei. Voltei pra você. Voltei pra te ajudar, ainda mais agora...
- Mas você veio pra ficar?- Ele se levantou, e em minha frente ele ficou. Ele foi chegando mais perto, até que ficou bem próximo de meu rosto. Eu esperava que ele me beijasse, mas não. Ele apenas me abraçou.
- Eu te amo, Milene.- Falou no meu ouvido.