sábado, 26 de maio de 2012

Capítulo 6


- Meu Deus...- Me faltou o ar, tamanho susto que levei.
- Não pode ser, não pode ser, não pode ser...- Comecei a falar desesperada.
- JOSUÉEEEEEEEE!!!!!!!- Gritei, chamando pelo motorista que simplesmente tinha desaparecido. Batia nos vidros tentando sair do carro, mas não conseguia.
- Calma!- Disse ele, com um olhar tranquilo, me fazendo tremer dos pés à cabeça.- Era impossível aquilo estar acontecendo.
- Da...Daniel- Completei pasma. Então ele sorriu e colocou meu cabelo atrás da orelha.
- Eu voltei.
- Isso é impossível! Você morreu! Meu Deus, você é um fantasma? - Ele riu, e disse:
- Eu posso explicar. Eu não morri... E muito menos sou um fantasma! Agora se acalma, para de gritar, e vamos conversar. 
- Nem sei o que dizer... Eu só... Me deixa apenas... Olha, Dan...- Eu estava tão confusa, que não conseguia completar uma linha de raciocínio que pudesse haver naquele momento. Qual seria a explicação mais sensata pra aquela situação? O que, será que deram sangue de vampiro pra ele? Será que uma mulher com super poderes encontrou ele, e o curou? Isso não fazia sentido. Isso fazia apenas parte de ficção, não existia de verdade. Ou será que ele forjou a própria morte pra se afastar de mim? Ele não poderia ser tão cruel.
- Alô? Planeta terra chamando!- Disse ele num tom sarcástico, estalando os dedos e me fazendo voltar daquele poço de pensamentos em que eu tinha quase me afogado.
- Só me dá um tempo pra poder compreender como isso é possível. Por favor...- Falei respirando fundo, e colocando Lua no banco, pra poder conversar com Daniel.
- Tudo bem... Eu espero você lá fora.
- Tá.- Respondi abaixando, e encostando minha cabeça em Lua. Lágrimas desciam por meus olhos, e minha cabeça doía, tamanho susto que eu tinha levado com tudo aquilo. Então as enxuguei, deixei Lua dormindo dentro do carro e saí para conversar com Daniel. 
Saí do carro, e ele estava sentado na calçada com a cabeça no meio dos joelhos dobrados.
- Pode começar.- Falei me apoiando na traseira do carro. Então ele levantou a cabeça, me olhou com aqueles olhos verdes, e sorriu.
- Bom... Quando eu sofri o acidente, o caminhão não chegou a bater em mim. Eu desviei antes. Mas meu carro caiu no lago, e eu também. Todos pensam que aquele lago é profundo, mas se enganam. No máximo que deve ter, é uns 10 metros. Mas enfim... Quando eu cai, bati com a cabeça e fiquei inconsciente. Meu carro tem vedamento contra água, mas eu realmente não sabia que era tão bom! Mesmo assim, a correntesa levou o carro até uma parte onde poucos conhecem, e lá tem uma aldeia indígena. Dá pra acreditar? 
- Eu não duvido de mais nada...- Falei suspirando.
- Então, eles me acharam desacordado, isso depois de uns 3 dias... Não sei como sobrevivi. Mas enfim, eles me resgataram, e cuidaram de mim até que eu acordasse. E depois de umas semanas, eu acordei. Fiquei apavorado... Eles falavam poucas palavras em francês, o resto era tudo dialétos. Fiquei lá até conseguir me recuperar, e falar com eles... Fiz até umas amizades... E tinha uma india com quem...Bom, você sabe.
- Como é que é?- Falei indignada.
- Bom, eu estava tomando banho de rio, e ela estava lá, nua... E... Aconteceu!- Falou rindo envergonhado.
- Nossa, estou emocionada com isso. - Falei irônica.- Eu aqui, sofrendo com sua morte, e você lá, comendo a indiazinha... - Eu realmente estava pasma. 
- Calma... Posso terminar?
- Agora que começou, termina né... Mas porquê você saiu de lá? 
- Bom... Descobriram que eu tirei a pureza da índia, e eles queriam me matar.
- Bem feito!
- Aí, eu fugi. Fiquei perdido alguns dias na selva, mas consegui achar um dono de um barco que me levou até Marsella. E descobri que você tinha vindo embora...
- Pois é. Eu vim, porque eu não ia aguentar ficar com a sombra da sua morte, lá em Marsella. - Respondi fazendo ironia.
- Mas eu voltei. Voltei pra você. Voltei pra te ajudar, ainda mais agora... 
- Mas você veio pra ficar?- Ele se levantou, e em minha frente ele ficou. Ele foi chegando mais perto, até que ficou bem próximo de meu rosto. Eu esperava que ele me beijasse, mas não. Ele apenas me abraçou.
- Eu te amo, Milene.- Falou no meu ouvido.
                            Capítulo 5

Elena começou a chorar, então a peguei no colo e  balançando ela, se acalmou. Fui até a janela, olhei pro céu e a lua estava cheia. Olhei pra pequena que estava em meu colo, e disse:
- Você não tem cara de Elena... Que tal "LUA"? ou "LUANA"? - Ela sorriu. 
- Gostou de Lua, filha? - Beijei sua pequena testa e a coloquei no berço de novo. Voltei para a janela, e meu coração se apertou. Eu estava com medo. Eu estava sozinha, perdida. 
- Ai, Lucas... Porque eu te amo tanto? Porque eu te deixei ir? - Respirei fundo, mas já era tarde. Lágrimas escorriam por meus olhos. 
- Eu preciso seguir em frente, mas é impossível! - Fechei a janela, e me deitei. Adormeci por algumas horas, até que acordei com a pequena chorando. 
- O que aconteceu, filha?- Misteriosamente, ela olhou para o porta retratos ao seu lado que tinha a foto minha com Lucas. Então senti um aperto no estômago. Mas, não dei muita importância. Fui tomar um banho, e dar um banho nela. Seria enfim o dia de registrá-la. Mas, eu iria registrá-la sem pai. Mesmo ela tendo um. "Lua Silvestre". 
Telefone tocou, era Neymar:
- Pequena, como estão?
- Bem, Ney! 
- Você vai sair?
- To indo no cartória registrar a bebê.
- Como ela vai chamar.
- Olha, eu pensei em: Elena, Lua, Luana...
- Lua! Em minha homenagem... NeyLua! - Falou rindo.
- Pode ser. Mas, porque queria saber se eu ia sair?
- Eu e a Carol queríamos ir ver vocês! Ela voltou de viagem e tá com saudades de você.
- Poxa... Olha, não sei se demora lá, mas se quiserem vir depois que eu voltar...
- Tudo bem, então vamos.
- Ok! 
- Mi...- Disse ele pigarreando e mudando o tom de voz.
- O que aconteceu Neymar Júnior?
- Esquece, depois te falo. Não é nada importante.
- Ai meu Deus, sempre me enrolando! 
- Relaxa, não é nada de importancia... 
- Espero! Bom, to indo então.
- E, você vai registrar só no seu nome?
- Sim, né.
- Mas e se... Ta bom, faça o que achar melhor!
- Sim.
- Quer que eu mande meu motorista te levar?
- Não precisa se preocupar, eu chamo um táxi.
- Não, claro que não! Em 10 minutos meu motorista tá passando aí!
- Ok, né! Obrigada, Ney. Te amo.
- Te amo também. Beijo, se cuida.- Desliguei o celular e terminei de me arrumar. Desci as escadas, e fiquei na sala esperando o motorista vir nos buscar. Não demorou muito e a buzina tocou. Saí, tranquei a casa, e sai de encontro ao carro. O motorista veio me ajudar a abrir a porta, mas ele estava agindo estranho.
- O que aconteceu, Josué?
- Nada, senhora Milene.
- Sei.- Falei intrigada.  
- Mas e como a Senhora está? E seu bebê?
- Estamos bem! Me virando. 
- Posso vê-la? 
- Claro! - Falei sorrindo e descobrindo o rosto de Lua.
- Meu Deus!- Falou espantado.
- O que foi?- Perguntei curiosa. Então ele disfarçando, sorriu e disse:
- Meu Deus, que menina linda! Parabéns.- O olhei de canto de olho e agradeci. 
Entrei no carro, porém Josué estava demorando pra entrar também. Eu ficava hipnotizada com minha pequena princesinha, e de como ela era parecida com Lucas. Estava observando ela, quando ouço a porta do motorista abrir. 
- Até que enfim, Josué! Que demor... - Levantei minha cabeça, e me assustei com quem estava no lugar de Josué.