terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Capítulo 8

Não sei de onde vinham tantas lágrimas, mas eu deixei a carta, peguei poucas coisas de meus pertences e parti. Fui até Carol. Bati em sua porta. Ela estava com Fabiano em seu colo, ela me viu aos prantos, não disse nada. Apenas, colocou Fabiano no sofá e me abraçou. Nos sentamos no sofá maior que havia alí, coloquei minha cabeça em seu colo, e chorei. Chorei mais do que deveria. Até eu dormir. Acordei no quarto do Fabiano. Deitada na cama dele. Olhei pro lado, e tinha um porta retrato com uma foto. Eu peguei o porta retrato, e fiquei olhando. A foto era dos dois. Fabiano e Lucas. Lucas estava segurando Fabiano, que ainda era bebê, o sorriso de Lucas com crianças era totalmente diferente. Ele adorava crianças. Eu me culpava por ter perdido o filho que gerava dele, até hoje. Eu não me perdoava, Lucas amava aquele filho, e ficou decepcionado quando ficou sabendo que eu perdi. Nem para isso eu servia. Nem pra dar um filho pra ele. 
- Me desculpa Lucas... - falei baixinho olhando aquele porta retratos, e chorando. 
- Não se culpe - disse uma voz que vinha da porta. Era Neymar.
- A culpa foi minha, Milene. Se eu não tivesse te empurrado, você não tinha perdido o bebê. Mas, não se culpe por isso. Lucas precisa de você. - Ele disse achegando-se a mim, e sentando do meu lado. Eu deitei minha cabeça em seu peito, e tentei segurar minhas lágrimas.
- Fica calma, Milene. Tudo vai dar certo. - Disse Carol entrando no quarto. 
- Acabou. - Falei respirando fundo.
- Tem certeza, disso? - Falou Neymar, olhando em meus olhos.
- Tenho. É o melhor pra ele. Ele iria prejudicar a carreira dele se ficasse comigo, e não quero isso. 
- Mas e você? Vai ficar bem, sem ele? - Disse Carol.
- Vou. Eu preciso. - respondi.
- Tudo bem, então. Vamos te deixar a sós, ok? - Disse Neymar.
- Obrigada.- Respondi olhando pra Neymar. 
- Ney... Só me faça um favor? - Disse olhando para ele... 
- Claro...
- Não conta pro Lucas, que to aqui tá? - Deixa ele ir pra Europa, não quero mais vê-lo.
- Tudo bem... Se é assim que você quer, assim será. - Neymar disse, dando um beijo em minha testa e levantando-se da cama. Ele ficou ao lado de Carol, que o abraçou por trás, e disse:
- Se precisar, sabe que pode nos chamar, né?
- Sei... Meus irmãos. Obrigada, mais uma vez... Prometo que será temporário. É só até o Lucas ir pra Europa. - Respondi, me deitando sobre os lençóis que alí haviam. O que seria de mim, a partir de agora? O que seria de Lucas, a partir de agora?
Capítulo 7

Nayara? - Lucas disse. Senti uma pontada em minha coluna, e toda vez que isso acontecia, algo de ruim iria acontecer. Era como um "feeling". Senti uma fúria inundar meu coração, porém, eu não poderia transparecer isso pra ela, pra ela não pensar que eu era "A INSEGURA" de sempre. Eu tinha que mostrar controle sobre mim, e mostrar que confiava em Lucas, por mais que fosse difícil. Respirei fundo, me levantei, olhei nos olhos sínicos dela, e disse:
- O que te traz aqui? 
- Meu "EX CUNHADO" se machucou, e vim vê-lo. - Respondeu ela, dando ênfase em EX CUNHADO. Aquilo me subiu a cabeça, tive vontade de voar no pescoço dela. Lucas percebeu, e levantou-se do sofá, colocou o braço ao redor da minha cintura, e disse à Nayara:
- Você não é bem-vinda aqui, Nayara. Sabe muito bem disso. - Ela olhou Lucas me abraçando por trás e virou os olhos. Mas a ousadia dela não parou por aí. Ela se aproximou de Lucas e disse no ouvido dele, colocando uma das mãos em seu pescoço e outra em seu queixo, e disse:
- Não entendo até hoje, meu amor... Porque você me trocou por ela. O que ela tem que eu não tenho? Beleza? Vamos combinar que sou mil vezes mais linda que ela... Certo? - Lucas tirou as mãos dela de seu rosto e pescoço, a afastou de perto, olhou nos olhos dela e disse:
- Você é muito ousada, viu? - Nayara olhou maliciosamente pra nós, e riu sinicamente. Lucas continuou firme em seu discurso:
- O que ela tem que você não tem? Bom, pra começar: Meu coração. Ela tem ele por inteiro. Coisa que você NUNCA teve.
- Nunca tive? Sei... Não era isso que você dizia quando estava fazendo amor comigo. Fazia juras de amor, dizia que iriamos nos casar... - Respondeu ela. Aquilo era demais pra mim. Por mais que eu amasse o Lucas com todas as minhas forças, era difícil escutar aquilo dela. 
- É verdade isso, Lucas? - Perguntei olhando nos olhos dele. Tirei seus braços que me envolviam pela cintura. Aquilo estava me matando por dentro. Ele me olhou, com um olhar perdido, que eu conhecia bem. Quando era verdade algo e ele estava com vergonha de assumir, ele fazia essa cara. Ele não precisou dizer nada. Eu entendi tudo. 
- Ok, Nayara. Você quer o Lucas? Então tá. Pode ficar com ele. - Disse, com lágrimas minando em meus olhos. Eu sentia meu coração se congelando, como se a flor do meu amor, tivesse acabo de murchar. Será que eu o amava tanto assim? Será que valeria a pena, eu viver em confusão a minha vida? 
Olhei para Lucas, com um olhar decepcionado, e disse:
- Adeus, Lucas. - Tirei minha aliança e coloquei em sua mão. Ele estava imóvel, como se estivesse em choque, não acreditando no que eu estava fazendo. Ele segurou meu braço e disse:
- Não se vá.
- Lucas, como você mesmo disse: Eu vou atrapalhar sua carreira. Você é jovem ainda, seja feliz. 
- Milene... - Disse Lucas me olhando com os olhos cheios de lágrimas, e aquilo cortava meu coração. Mas eu não podia ceder. 
- Sim? - Respondi, firme.
- Eu te amo. - Respondeu, Lucas. Nesse momento, vi uma lágrima escorrer de seus olhos. Eu estava quase cedendo, e voltando para seus braços, mas eu não podia. Eu tinha que continuar. Eu tinha que deixar ele ser feliz. Sem minha sombra o atrapalhando. 
- Adeus, Lucas. - Respondi, soltando a mão dele de meu braço. Vi o olhar de vitoriosa de Nayara. Era tudo que ela queria. Eu já não tinha mais forças pra lutar por ele, por mais que eu o amasse mais que a minha própria vida. 
Me virei e segui para fora do hospital. Aquele corredor era maior do que eu pensava, eu queria sair correndo de lá, eu queria chorar desesperadamente, mas sem que Lucas e Nayara vissem, eu estava acabando de deixar escapar, a minha metade. Mas, eu o amava tanto, que eu preferia vê-lo feliz longe de mim, do que infeliz ao meu lado. Consegui sair do hospital, fui até o ponto de táxi. Peguei o primeiro táxi que passou, e segui até em casa. 
Deixei um bilhete em cima da nossa cama, escrito:

Lucas,
Desculpa ter agido daquela forma, mas é pro seu bem. Pense na sua carreira. Aceite a proposta daqueles times europeus, vá ser feliz, longe de mim. Prometo que vai ser como se eu nunca tivesse existido.
Milene.