Capítulo 15
Fui indo para a cafeteria, fui andando, observando as lojas, quando senti uma mão, suave nas minhas costas, me virei, era uma garota, de uns 13 anos, loirinha, cabelo no ombro, sorridente, usava aparelho nos dentes.
- Oi!- ela disse.
- Oi, linda! - respondi, sorrindo.
- Me desculpa, mas você é a esposa do Lucas, certo?- Gelei nessa hora, pigarreei, sorri e disse:
- Sim, porque?
- Ai meu DEUS!- disse ela, chorando. Ela me abraçou, eu pensei "ai Deus, uma fã do Lucas..." tudo que eu precisava.
- Qual é seu nome, fofa?- Perguntei.
- Th..Thays. - Disse ela em meio as lágrimas.
- Você é fã do Lucas? - Ela sorriu, e disse:
- Sim! Mas, eu te amo, sabe?
- MINHA fã? Você me ama? Porquê? - Respondi caindo na risada.
- Meu, você é minha diva! Você é linda, perfeita... E o Lucas, te ama! E isso me faz feliz, vê-lo feliz ao seu lado.- Coitadinha, mal ela sabia de tudo. eu não ia estragar a felicidade dela, por isso não disse nada, apenas concordei com o que ela dizia.
- Posso tirar uma foto com você?- Perguntou ela.
- Claro!
- Ai meu Deus, ninguém vai acreditar que isso aconteceu... Ai Jesus... - ela foi pegar o celular da bolsa, e derrubou no chão, então eu peguei pra ela, e entreguei em suas mãos.
- Ai Deus, desculpa, Milene! É que eu estou tremendo, olha.- Disse ela, colocando as mãos dela nas minhas, realmente, ela estava tremendo.
- Calma, linda! - disse sorrindo, e ela retribuiu o sorriso. Então tiramos a foto.
- Ai Milene, não sei como te agradecer, você realizou meu sonho! Obrigada, Obrigada, Obrigada!- Ela me abraçou, e eu retribui. Senti sinceridade naquele abraço, e me senti bem, mesmo sabendo que estava mentindo pra ela, ao confirmar que era esposa do Lucas.
- Linda, agora tenho que ir...- Disse me despedindo.
- Tudo bem... Obrigada mesmo! E, se não for pedir demais, fala pro Lucas que eu amo ele? rs - Eu sorri, e respondi:
- Claro! Beijo linda!
- Beijo!- Ela me abraçou mais uma vez, e saiu correndo, toda feliz olhando pro celular, vendo a foto que tiramos juntas. Eu estava com a consciência pesada, mas eu não era tão má, a ponto de estragar a felicidade daquela garota, que me parecia tão sincera. Voltei a andar e observar as lojas... Nada me interessava. Cheguei na cafeteria, e me sentei. Veio o garçon, e eu pedi um Smoothie de avelã. Não demorou muito, e Fátima chegou. Veio toda sorridente, e eu retribui.
- Oi Milene... Bom, conseguimos entrar em um acordo, né?- disse ela tirando os papéis da bolsa.
- Sim...
- Bom, você assina aqui...- disse ela apontando os locais onde eu assinaria. E lá estava a assinatura do Lucas, tão linda... Peguei aqueles papéis, depois de assinados, segurei eles, respirei fundo, e os entreguei.
- Esse é o fim.- Disse abaixando a cabeça.
- Infelizmente. - Respondeu Fátima, segurando em minha mão.
- Tudo bem... "Nem tudo que acaba, tem final", certo?- Disse, sorrindo.
- Certo... Bola pra frente! Ah, antes que me esqueça... Boa viagem!- Disse Fátima sorrindo.
- Obrigada... Obrigada por tudo, Fá! Você tem sido maravilhosa... O Lucas tem sorte de ter essa mãezona! rs
- Ah, você sempre benevolente! Fofa!- respondeu fátima.
- Fá, e o Thi?- perguntei, preocupada... Ele ainda estava em coma....
- Bom, o Thi está melhor, já está saindo aos poucos do coma... Mas, você sabe, o processo é devagar, né?- Disse ela, entristecendo.
- Entendi... Melhoras pra ele, eu gosto muito dele! Espero que ele se recupere logo... Coitado.- Respondi, com um tom de pena, e era o que eu sentia.
- Obrigada, Deus vai ajudar... Eu vou ficar esse mês ainda aqui, e quando o Thiago se recuperar, eu viajo de vez pra Ucrânia.... Vou cuidar do meu pequeno, né?
- Tá certa... Bom, preciso ir! Só isso, né?
- Sim... Por enquanto. Mas, eu acho que o resto a gente resolve por telefone!
- Ok, então. Olha, eu vou tentar ir pra Marsella amanhã! Mas, eu te aviso... ok?
- Certo, lindinha! Boa sorte...
- Obrigada... Até mais.
- Até.- Nos cumprimentamos, e eu fui embora pra casa.
Capítulo 14
- Filha? - Respondeu.
- Mãe? - disse eu, com uma voz embargada, de saudade.
- Minha filha! O que aconteceu? Você tá bem? - Sim, ela sabia que eu não estava bem, só por ouvir a minha voz.
- Mãezinha...- Minha voz falhou, não consegui conter minhas lágrimas, elas vinham sem controle, e não consegui dizer mais nada, eu só chorava...
- Filha, o que aconteceu? Se acalma... Foi o Lucas? O que ele te fez? - Eu não conseguia falar, pois toda vez que eu tentava, meu coração apertava, e era como se eu estivesse sendo esfaqueada... Não aguentava mais de dor.
- M...Mãe...- Solucei, tentando acalmar minha mãe que me fazia mil perguntas ao mesmo tempo, de preocupação.- S..Se A...Calma... E...Eu To..oo bem...- consegui dizer um "bem". Mas era mentira. Eu não poderia estar pior.
- Filha, se acalma, bebe uma água, e depois você me liga, tá? - Disse minha mãe serenamente. Eu sentia uma paz na voz da minha mãe, assim como eu sentia na voz do Lucas... Ah, o Lucas. O motivo de tudo.
- Ok... M..Mãe. Já..a te li..go. - Desliguei o celular, me levantei, fui até a cozinha, abri a torneira, e enfiei minha cabeça debaixo. Me molhei toda, mas eu senti um alivio, talvez por segundo a dor tinha amenizado. Desliguei a torneira, e bebi um copo de água. Não deu muito tempo, meu celular toca, era minha mãe. Respirei fundo, e atendi.
- Alô?- disse.
- Tá melhor filha?- Perguntou ela.
- Sim, mãe... Tô "melhor".- Respondi.
- Agora que você está calma, pode me contar o que aconteceu?- Eu precisaria me controlar pra contar, eu tentei.
- Mãe, eu e o Lucas...- Parei, respirei e continuei.- nos separamos.- Houve um silêncio de uns 15 segundos.
- Eu ouvi isso?- disse minha mãe, inconformada.
- Sim.- respondi.
- Mas, qual o motivo?- Perguntou.
- Mãe, pensa comigo: eu estava com ele, mas ele estava infeliz. Ele me ama, e eu o amo. Mas as vezes só o amor não basta. Eu estava atrapalhando a carreira dele, e isso estava me matando. Outra, a ex dele apareceu, e disse muitas coisas que me magoaram, e o Lucas não desmentiu. Não deu certo mais, mãe. Foi isso.- Terminei, respirando falhadamente.
- Entendi filha... Bom... Mas, porque você ligou?- perguntou ela, tentando me acalmar.
- Bom, você sabe como eu amo o Lucas, e nada disso tem sido fácil. Mas, como não era o bastante, ele foi vendido pra um time da Ucrânia. -
- UCRÂNIA? - disse minha mãe, interrompendo.
- Sim, Ucrânia...- respondi.
- Mas, iai? Como fica o divórcio?- perguntou.
- Mãe, ele queria me dar muitas coisas, mas eu não aceitei, só aceitei o que era meu, pois não quero que ele pense que sou interesseira. Que eu quis me divorciar pra ficar com tudo dele. Eu não preciso disso!- Respondi.
- Tá certa filha... É assim que eu e seu pai ensinamos. Só querer o que é nosso. Mas, você vai ficar bem aí no Brasil? Aonde você tá morando?
- Ah, isso é outra coisa... Então, eu estava com o Ney, e a Ca... Porém, eles meio que me "expulsaram". A Carol está MUITO estranha... E você sabe como ela manda no Ney, né?
- EXPULSARAM? COMO ASSIM?- disse indignada.
- Vieram com papo, de que eles tinham a vida dele, e etc. E também o Ney vai ser emprestado pra um time da Espanha, e é complicado... Eu entendo o lado deles, né? Mas, é difícil, pois tiraram de vez o meu chão, eu estou perdida! - Respondi, tentando me controlar...
- Filha, me corta o coração te ver assim... Mas, o que eu e teu pai podemos fazer pra te ajudar?
- Mãe, Lucas vai amanhã pra Ucrânia... Ou melhor, HOJE, às 00:30... Eu vou vê-lo de longe, partir, e sei lá... Eu queria passar um tempo aí com vocês, to precisando de um colo de mãe...
- Filha, arruma suas malas! Pegue o primeiro avião pra Marsella! A França te espera!- Respondeu ela, toda animada, e aquilo me animava também, pois eu estaria ao lado dela. E nada melhor do que colo de mãe.
- Ah, mãezinha, eu sabia que poderia contar com vocês... mesmo eu tendo sido uma filha relápsa, vocês sempre me acolheram. Eu te amo, tá?- Disse. Aquele momento, eu não via a hora de poder abraçar minha mãe, e meu pai.
- Olha, vou ver se consigo vôo pra amanhã, hoje tá em cima da hora... E também aqui em SP, só tem pra Paris.. Vou ter que pegar outro pra Marsella... Mas, até Segunda, eu tô aí, tá?- Disse, me animando.
- Claro, filha! Faça tudo no seu tempo, não se apresse. Estaremos aqui te aguardando. Quando estiver vindo, avisa, tá?- Respondeu minha mãe, com uma voz alegre.
- Claro, mãe. Muito obrigada.. Agora preciso desligar, vou encontrar com minha sogra... Ops, ex-Sogra, né?
- Ah, sim... Vai lá, filha! Qualquer coisa, me liga! E, boa sorte...
- Obrigada mãe... Te amo, beijos.
- Também te amo, Beijos.- Desliguei. Fui tomar um banho, pra lavar meu cabelo, que eu havia molhado inteiro na pia. Eu estava mais aliviada, de saber que estaria viajando pra perto dos meus pais. Me troquei, e peguei meu celular:
- Fá?
- Oi pequena...tudo bom?
- Sim, estou ótima!- Respondi, animada.
- Fico feliz, por isso... Mas, que mal lhe pergunte, de onde vem toda essa animação?
- Bom, eu vou amanhã pra Marsella, na França, vou passar um tempo com meus pais.
- Ah, entendi! Isso vai ser muito bom pra você, minha linda... Mudar os ares, né?- disse ela, rindo delicadamente.
- Isso, estou precisando... Mas, vamos ao que interessa. Mudou o contrato?
- Sim, mas Lucas insistiu que você aceitasse uma porcentagem daquele dinheiro...
- Tipo, quanto?
- 4 milhões, pelo menos.
- Não posso.
- Ele disse que não assina, se você não concordar.
- Ai, Lucas... Continua cabeça dura! Mal de leonino, né?
- Claro... Mas, na minha opinião, você deveria aceitar! Poxa, você estará sozinha a partir de agora! Em outro País, e não vai ficar dependendo dos seus pais, né?- Eu tinha que concordar, ela estava certa. Mas o orgulho não deixava.
- Olha, eu sei que ele está certo... Mas é muito dinheiro! Eu posso vender o iate, e pegar uma boa grana.
- Ele está inflexível. Ou aceita, ou sem acordo.
- Ai Deus! Tudo bem! Eu aceito, fazer o quê!
- Eita menina teimosa! É dinheiro, e dinheiro NUNCA é demais... Ainda mais pra nós mulheres, certo?- Disse Fátima rindo.
- É, tá certa... E quando eu posso assinar?
- Bom, o advogado vai redigir daqui a pouco... Se você quiser, posso ir aí...
- Bom, não estou mais na casa do Neymar, eu vim pra "casa". Vamos nos encontrar em uma cafeteria?
- Claro, qual?
- Aquela que fica dois quarteirões daqui, pode ser?
- Ok, pode sim. Até logo. Beijos.
- Me liga, pra avisar a hora, ok?
- Sim, linda, pode deixar... Até breve.
- Até breve, fá!- Respondi e desliguei.