Capítulo 14
- Filha? - Respondeu.
- Mãe? - disse eu, com uma voz embargada, de saudade.
- Minha filha! O que aconteceu? Você tá bem? - Sim, ela sabia que eu não estava bem, só por ouvir a minha voz.
- Mãezinha...- Minha voz falhou, não consegui conter minhas lágrimas, elas vinham sem controle, e não consegui dizer mais nada, eu só chorava...
- Filha, o que aconteceu? Se acalma... Foi o Lucas? O que ele te fez? - Eu não conseguia falar, pois toda vez que eu tentava, meu coração apertava, e era como se eu estivesse sendo esfaqueada... Não aguentava mais de dor.
- M...Mãe...- Solucei, tentando acalmar minha mãe que me fazia mil perguntas ao mesmo tempo, de preocupação.- S..Se A...Calma... E...Eu To..oo bem...- consegui dizer um "bem". Mas era mentira. Eu não poderia estar pior.
- Filha, se acalma, bebe uma água, e depois você me liga, tá? - Disse minha mãe serenamente. Eu sentia uma paz na voz da minha mãe, assim como eu sentia na voz do Lucas... Ah, o Lucas. O motivo de tudo.
- Ok... M..Mãe. Já..a te li..go. - Desliguei o celular, me levantei, fui até a cozinha, abri a torneira, e enfiei minha cabeça debaixo. Me molhei toda, mas eu senti um alivio, talvez por segundo a dor tinha amenizado. Desliguei a torneira, e bebi um copo de água. Não deu muito tempo, meu celular toca, era minha mãe. Respirei fundo, e atendi.
- Alô?- disse.
- Tá melhor filha?- Perguntou ela.
- Sim, mãe... Tô "melhor".- Respondi.
- Agora que você está calma, pode me contar o que aconteceu?- Eu precisaria me controlar pra contar, eu tentei.
- Mãe, eu e o Lucas...- Parei, respirei e continuei.- nos separamos.- Houve um silêncio de uns 15 segundos.
- Eu ouvi isso?- disse minha mãe, inconformada.
- Sim.- respondi.
- Mas, qual o motivo?- Perguntou.
- Mãe, pensa comigo: eu estava com ele, mas ele estava infeliz. Ele me ama, e eu o amo. Mas as vezes só o amor não basta. Eu estava atrapalhando a carreira dele, e isso estava me matando. Outra, a ex dele apareceu, e disse muitas coisas que me magoaram, e o Lucas não desmentiu. Não deu certo mais, mãe. Foi isso.- Terminei, respirando falhadamente.
- Entendi filha... Bom... Mas, porque você ligou?- perguntou ela, tentando me acalmar.
- Bom, você sabe como eu amo o Lucas, e nada disso tem sido fácil. Mas, como não era o bastante, ele foi vendido pra um time da Ucrânia. -
- UCRÂNIA? - disse minha mãe, interrompendo.
- Sim, Ucrânia...- respondi.
- Mas, iai? Como fica o divórcio?- perguntou.
- Mãe, ele queria me dar muitas coisas, mas eu não aceitei, só aceitei o que era meu, pois não quero que ele pense que sou interesseira. Que eu quis me divorciar pra ficar com tudo dele. Eu não preciso disso!- Respondi.
- Tá certa filha... É assim que eu e seu pai ensinamos. Só querer o que é nosso. Mas, você vai ficar bem aí no Brasil? Aonde você tá morando?
- Ah, isso é outra coisa... Então, eu estava com o Ney, e a Ca... Porém, eles meio que me "expulsaram". A Carol está MUITO estranha... E você sabe como ela manda no Ney, né?
- EXPULSARAM? COMO ASSIM?- disse indignada.
- Vieram com papo, de que eles tinham a vida dele, e etc. E também o Ney vai ser emprestado pra um time da Espanha, e é complicado... Eu entendo o lado deles, né? Mas, é difícil, pois tiraram de vez o meu chão, eu estou perdida! - Respondi, tentando me controlar...
- Filha, me corta o coração te ver assim... Mas, o que eu e teu pai podemos fazer pra te ajudar?
- Mãe, Lucas vai amanhã pra Ucrânia... Ou melhor, HOJE, às 00:30... Eu vou vê-lo de longe, partir, e sei lá... Eu queria passar um tempo aí com vocês, to precisando de um colo de mãe...
- Filha, arruma suas malas! Pegue o primeiro avião pra Marsella! A França te espera!- Respondeu ela, toda animada, e aquilo me animava também, pois eu estaria ao lado dela. E nada melhor do que colo de mãe.
- Ah, mãezinha, eu sabia que poderia contar com vocês... mesmo eu tendo sido uma filha relápsa, vocês sempre me acolheram. Eu te amo, tá?- Disse. Aquele momento, eu não via a hora de poder abraçar minha mãe, e meu pai.
- Olha, vou ver se consigo vôo pra amanhã, hoje tá em cima da hora... E também aqui em SP, só tem pra Paris.. Vou ter que pegar outro pra Marsella... Mas, até Segunda, eu tô aí, tá?- Disse, me animando.
- Claro, filha! Faça tudo no seu tempo, não se apresse. Estaremos aqui te aguardando. Quando estiver vindo, avisa, tá?- Respondeu minha mãe, com uma voz alegre.
- Claro, mãe. Muito obrigada.. Agora preciso desligar, vou encontrar com minha sogra... Ops, ex-Sogra, né?
- Ah, sim... Vai lá, filha! Qualquer coisa, me liga! E, boa sorte...
- Obrigada mãe... Te amo, beijos.
- Também te amo, Beijos.- Desliguei. Fui tomar um banho, pra lavar meu cabelo, que eu havia molhado inteiro na pia. Eu estava mais aliviada, de saber que estaria viajando pra perto dos meus pais. Me troquei, e peguei meu celular:
- Fá?
- Oi pequena...tudo bom?
- Sim, estou ótima!- Respondi, animada.
- Fico feliz, por isso... Mas, que mal lhe pergunte, de onde vem toda essa animação?
- Bom, eu vou amanhã pra Marsella, na França, vou passar um tempo com meus pais.
- Ah, entendi! Isso vai ser muito bom pra você, minha linda... Mudar os ares, né?- disse ela, rindo delicadamente.
- Isso, estou precisando... Mas, vamos ao que interessa. Mudou o contrato?
- Sim, mas Lucas insistiu que você aceitasse uma porcentagem daquele dinheiro...
- Tipo, quanto?
- 4 milhões, pelo menos.
- Não posso.
- Ele disse que não assina, se você não concordar.
- Ai, Lucas... Continua cabeça dura! Mal de leonino, né?
- Claro... Mas, na minha opinião, você deveria aceitar! Poxa, você estará sozinha a partir de agora! Em outro País, e não vai ficar dependendo dos seus pais, né?- Eu tinha que concordar, ela estava certa. Mas o orgulho não deixava.
- Olha, eu sei que ele está certo... Mas é muito dinheiro! Eu posso vender o iate, e pegar uma boa grana.
- Ele está inflexível. Ou aceita, ou sem acordo.
- Ai Deus! Tudo bem! Eu aceito, fazer o quê!
- Eita menina teimosa! É dinheiro, e dinheiro NUNCA é demais... Ainda mais pra nós mulheres, certo?- Disse Fátima rindo.
- É, tá certa... E quando eu posso assinar?
- Bom, o advogado vai redigir daqui a pouco... Se você quiser, posso ir aí...
- Bom, não estou mais na casa do Neymar, eu vim pra "casa". Vamos nos encontrar em uma cafeteria?
- Claro, qual?
- Aquela que fica dois quarteirões daqui, pode ser?
- Ok, pode sim. Até logo. Beijos.
- Me liga, pra avisar a hora, ok?
- Sim, linda, pode deixar... Até breve.
- Até breve, fá!- Respondi e desliguei.
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