quarta-feira, 30 de maio de 2012

Capítulo 8


- Mi, quer que eu segure a Lua pra você?- Perguntou Daniel, prestativo como sempre.
- Sim, por favor.- Respondi entregando Lua em seus braços. Então segui até o atendimento.
- Boa tarde... Senhora Milene.- Falou o homem de meia idade, sentando em uma cadeira de plástico, na frente de um computador.
- Boa tarde.- Respondi.
- Me empreste seus documentos, e os da criança.- Eu os fiz. Entreguei tudo.
- Qual é o nome do pai da criança?- Perguntou.
- Não quero colocar... Só o meu mesmo.- Pra ele aquilo era normal, mas pra mim era o fim. Era a coisa mais triste da minha vida. 
Depois de alguns minutos, a pequena Lua estava registrada. Então fomos ao encontro de Neymar. Eu estava sentindo algo muito estranho dentro de mim, um aperto no peito, um frio na barriga. 
Enfim chegamos. Neymar estava do lado de fora, sentado em uma das mesas. Pedi que Daniel fosse pra casa com a Lua, pra que eu resolvesse esse assunto. 
- Oi.- Neymar falou se levantando e me cumprimentando.
- Pode falando tudo. 
- Calma... Senta.
- iai?
- Bom... 
- Vai, desembucha!
- É sobre o Lucas.- Quando ele falou isso, senti minhas pernas tremerem. Engoli seco, e falei:
- O que é tão sério?
- Ele acha que você teve filho de outro, e que já está em outra. 
- Eu sabia que isso ia acontecer. Sabia...
- Até aí, tudo bem.
- Tudo bem?- Perguntei irônica.
- É. O que complica vem agora. 
- Me diz...
- Ele entrou em depressão profunda, e tentou se matar. 
- Fala que isso é mentira. Pelo amor de Deus!- Meus olhos se encheram de lágrimas, e comecei a suar frio. Aquilo não podia ser verdade.
- Bem que eu queria que fosse. Milene, ele está internado em uma clínica psicológica na Ucrânia! Ele parou a carreira dele como jogador! Você tem noção disso? - Eu não conseguia falar mais nada. Eu estava de pés e mãos atadas. Não podia sair do país por menos de 40 dias, e não tinha como falar com ele. Mas eu precisava.
- Milene, você é a única pessoa desse mundo que pode tirar ele dessa situação! - Aquilo foi como se ele tivesse enfiado uma espada samurai em chamas no meu peito. Nunca tinha me sentido tão culpada. 
- Eu o amo...- Foi a única coisa que consegui falar. Mais nada. Minha cabeça girava, girava...
- Eu sei disso. E é por isso que vim te contar. 
- Eu preciso dar um jeito. Mas não posso!- Falei desesperada.
- Se acalma... Ele está sendo tratado com os melhores psiquiatras, psicólogos da Ucrânia. E a mãe dele viaja pra lá hoje mesmo. Mas ele precisa de você.
- E eu preciso dele.- Falei em meio as lágrimas.
- Agora se acalma. Quer que eu te leve pra casa? E cadê a Lua?
- Uma outra história complicada. Mas te conto no caminho. 
- Eita Milene... O que seria de você sem essas confusões?
- Não sei... Minha vida sempre foi assim. Eu só queria ser uma pessoa comum. Sabe? Ter um marido que trabalha pra me sustentar, chega em casa e nossa filha vai correndo de encontro a ele gritando "papai".. E ele vem com ela no colo, e me dá um selinho, dizendo que está com fome e adora minha comida. Depois de colocar nossa filha na cama, nós faríamos amor. Dormiríamos de conchinha, e acordaríamos cedo no outro dia para nossa rotina de sempre. Custava ser assim?- Neymar sorriu, me abraçou, e falou:
- Qual é a graça do simples? 
- Nenhuma. Mas sofrer também não é legal, né?
- Tem razão. Mas tenho certeza que vai dar tudo certo. Você e o luquinhas merecem ser felizes juntos, com a filhinha linda de vocês. 
Eu sorri, e o abracei. Ele era meu irmão. Neymar me fazia muito bem. Mas eu estava querendo surtar, ou ter uma crise de amnésia. Só queria esquecer tudo aquilo.

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