terça-feira, 24 de janeiro de 2012

 Capítulo 23

- Vamos pra "nosso" lugar, Mi?- Disse Daniel sorrindo, e com seus olhos verdes brilhando.
- Vamos, Dani. Vamos. - Quando ele dizia "nosso" lugar, era onde ele me levou pela primeira vez, na divisa da Suíça e da França. Então fomos. Ficamos o caminho todo conversando sobre músicas e carros ( que ele adorava rs). Chegamos, descemos e o sol brilhava do lado suíço, no meio de duas grandes montanhas, cobertas de gelo.
- Fico cada vez mais deslumbrada por esse lugar.- Falei respirando fundo o ar gelado que passava sobre nós.
- Mi... Um dia nós podíamos ir na Suíça esquiar, né?
- JURA?- Falei sorrindo.
- Claro, poxa. Se você quiser... - Respondeu ele, se encostando do meu lado, no beiral daquela longa e alta ponte.
- Lógico que quero, Dani! Meu sonho esquiar nos alpes suíços! - Disse me animando.
- Então tá. Só me dizer o dia, que vamos, ok?- Respondeu sorrindo.
- Bom, estou disponível qualquer dia, você que é o "ocupado".- Falei rindo.
- Ok, Ok... Semana que vem, vamos, tá? Segunda feira?- Disse olhando pra mim.
- Só segunda?- Falei fazendo um biquinho de mimada.
- Sim, Sim, madame... Essa semana estou ocupado, e o bebê do Emiliem está pra nascer, e ele precisa de mim pra tudo- Falou rindo.
- Ah... Tudo bem, né? - Respondi, retribuindo o sorriso. Ele passou seus braços por cima do meu ombro, e ficamos alí, por horas. Sentia em Daniel, o mesmo que sentia em Neymar. Segurança, e um carinho de irmão. Começou a escurecer, e voltamos pra casa. Ele me deixou e se foi. A semana se passou, assim: todo dia, ele me ligava, e ficavamos horas rindo e falando besteiras. Eu quando estava com ele, sentia aquele vazio que Lucas deixá-ra, se fechar. E isso era bom. Domingo de manhã, acordo com meu telefone tocando, era Daniel:
- Alô?
- Nasceu, Mi! Nasceu, Mi!- Falava Daniel empolgado. Eu escutava o choro de crianças ao fundo, porém, eu ainda não tinha entendido, tinha acabado de acordar e estava confusa.
- Quem nasceu, menino?
- O Filho de Emilien! É muito lindo... É um menino!- Disse rindo.
- Ah, que bom, Dani... Manda os parabéns pra ele e pra Petra!
- Você conhece a Petra?- indagou.
- Sim, ela que me atendeu aquele dia no hospital.
- Ah, sim! Entendi, pode deixar...
- E nossa viagem pra Suíça, ainda está de pé?
- Ah, não sei..- Falou ele, mudando o tom de voz. Me entristeci, porém perguntei, desanimada:
- Ah, porque?
- Brincadeira boba!- Falou rindo.
- Ah, você me pegou!- Respondi gargalhando, aliviada.
- Até amanhã, Mi... Beijo.
- Até, Beijo. - Desliguei o celular, e fui me arrumar pra comprar roupas de neve.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Capítulo 22

Dormi tranquilamente, depois de um bom tempo. Acordei no outro dia, com som de buzina. Levantei assustada, vesti uma camiseta qualquer, e um shorts. Calcei meu chinelo, e fui até a porta. Era Daniel.
- Oxi, Daniel, o que você tá fazendo aqui?
- Ah, seus pais saíram cedinho, e pediram pra eu te fazer companhia.- Respondeu rindo.
- E você vai obedecer?- Falei gargalhando.
- Claro... A não ser que você não queira!
- Claro que quero... Entra!- Disse pra ele. Então ele entrou.
- Olha, vou me arrumar, e já saímos, certo? Se meu celular tocar, provavel que seja meus pais, você atende pra mim, e fala que vou sair com você e pra eles não se preocuparem?
- Sem problemas...
- Obrigada!- Falei indo pro banho. Tomei uma ducha refrescante. Estava me vestindo, quando ouço meu celular tocar, saí correndo pra atender, mas Daniel já tinha atendido.
- Alô? Ela não está, ela está tomando banho, porque vai sair comigo... Quem é? Quer deixar recado? Alô?- Falou ele olhando pro celular. - Acho que ele desligou...
- Quem era?- Perguntei, sentindo um frio subir por minha coluna.
- Era um tal de "Lucca"(Ele não sabia pronunciar direito "Lucas",  por causa do sotaque francês)-
- LUCAS?- Perguntei indignada.
- Acho que era isso...
- Ai meu Deus... - Peguei o celular da mão dele, e fui ver o número "Número restrito". Entrei em desespero. O que Lucas estaria pensando de mim? Que eu superava fácil demais ele, que eu não o amava de verdade. Mil coisas se passaram pela minha cabeça. Comecei a chorar, Daniel perdido, pegou um copo de água com açúcar, e me deu pra eu me acalmar. Eu tomei, e vomitei na hora.
- Milene, você tá bem?- Perguntou desesperado.
- NADA bem.- Respondi, nervosa. Minha mão tremia, minha cabeça girava.
- Desculpa, não sabia que era Lucca!- Falou Daniel, andando de um lado pro outro, nervoso, resmungando algumas coisas em francês.
- Calma, Daniel! Você não tem culpa, a culpa é toda minha, como sempre...Mas...- Senti uma pontada forte em minha barriga, e a ância veio de novo.- Agora, me leva no médico, por favor!- Ele assentiu, e fomos pro carro dele. Ele me levou em um pronto socorro. Ficamos esperando horas por um médico, até que nos atendeu. Eu entrei sozinha, ele ficou na espera. Entrei na sala, era uma médica loira, cabelo chanel, de olhos verdes. Sorrindo, ela me perguntou o que estava acontecendo. Eu expliquei, tudo. Então ela pediu alguns exames de sangue, e pediu pra eu tomar soro, pois eu estava desidratada. Eu os fiz. Os exames chegaram.
- Bom, Dona Milene, a senhora deve ter pego uma infecção estomacal... Não há muito o que fazer, tente comer coisas leves, ok?
- Obrigada, doutora!
- Por nada... Mas, que mal lhe pergunte, você é amiga do Daniel?
- Ele é amigo do meu pai... Você o conhece?
- Sim! Sou esposa do melhor amigo dele, Emilien.
- Ah... Prazer! Daniel me falou de você... Está gravida, certo?
- Sim... Olha...- Disse ela se levantando. A barriga dela estava enorme, e linda. Como eu gostaria de poder ter ficado assim de um filho do Lucas, mas infelizmente, não aconteceu, e nunca mais iria acontecer. E se não fosse com ele, não seria com mais ninguém.
- Linda! Parabéns, Doutora!- Disse sorrindo.
- Petra, pode me chamar de Petra!- Falou sorrindo e se sentando.
- Bom, Petra, preciso ir! Até mais.
- Até, querida.- Falou se despedindo. Então eu saí da sala, e encontrei Daniel cochilando no banco de espera.
- Acorda, dorminhoco!- Falei cutucando ele, até ele acordar, assustado.
- Nossa, que demora... Mas iai?
- Bom, foi só uma infecção estomacal...
- Entendi... Que bom, né?
- Sim!- Respondi. - Mas, você deve estar cansado hein, pra durmir assim?- Perguntei.
- Ah, não durmo direito desde que lili se foi- falou abaixando a cabeça.
- Ela se foi? De vez?- Perguntei, tentando ser compreensiva.
- Sim. Ela se foi. Foi pra Suíça, com os pais, e nosso bebê.- Senti que quando ele disse "Bebê", sua voz embargou, e a tristeza era evidente em sua face.
- Poxa, Dani... Estamos sozinho então, né?- Falei descontraindo.
- É, Mi... Somos só eu, e você contra o mundo- Respondeu ele gargalhando.
- É... - Pigarreei, e fechei o sorriso.- Dani, o que o Lucas falou na ligação?- Perguntei.
- Ele procurava por você, mas, quando eu disse que você iria sair comigo, ele desligou... - Então, ele abaixou a cabeça e disse:- Só faço besteira... Meu senhor!
- Relaxa, Dani... Eu não queria falar com ele. Não mesmo.- Eu estava dizendo com um fundo de verdade.- Ele precisa me esquecer, e seguir em frente. Assim como eu e você! É o que nos resta. A vida não nos deu escolha.- Falei segurando sua mão. Ele sorriu, e afagou minha cabeça.
Capítulo 21

- Oi, Milene.
- Fátima?
- Sim, querida! Como anda a viagem?
- Ah, tá tudo ótimo!
- Que bom... Só estou ligando pra saber de você, e pra avisar que o Thiago saiu do coma!
- Poxa, que bom, Fá! Fico feliz por ele...
- É, graças a Deus...
-  E o Lucas?-  Perguntei, com uma dor na garganta, desfazendo os nós que se formavam toda vez que eu falava dele.
- Está bem... Tadinho, ontem ele me ligou chorando, de saudade.- Não, ela não estava falando aquilo pra mim... Ela sabia que eu ficava muito mal só de pensar em ver ele sofrer... Respirei fundo, e respondi:
- Coitado... Mas, é a vida. Fica bem... Fá, preciso desligar! Até mais, beijo.
- Beijo...- Falou desligando. Olhei pra Daniel, e disse:
- Podemos ir?
- Claro, como quiser!- Respondeu sorrindo. Então fomos, Daniel me deixou na porta de casa.
- Obrigada por tudo, Daniel.
- Às ordens! Se precisar, me liga... Olha meu número tá no cartão aí. - Disse ele me entregando seu cartão de visita.
- Obrigada, de novo. Sinto que seremos grandes amigos.- Falei rindo.
- Também senti isso. Espero que sim. Boa sorte, tá?
- Pra você também!- Disse saindo do carro. Ele buziou e foi embora. Entrei em casa, e encontrei minha mãe na varanda, lendo. Ao me ver, ela abaixou o livro, tirou os óculos, e disse sorridente:
- Saiu com o Dani, filha?
- Sim mãe! - Respondi sorrindo.
- Ah, que ótimo! Ele é uma pessoa maravilhosa... Gostei da idéia de amizade entre vocês, quem sabe você não esquece o...- Ela pausou, e continou:- Desculpa filha, não era minha intenção falar dele.
- Tudo bem mãe. É inevitável não falar dele.- Ela murchou os olhos, e disse:
- E o enjoo?
- Bom, melhorei... Mas, estou a base de Dramim... Acho que a virose foi feia!
- É... Bom, já vai dormir?
- Sim, estou cansada!
- Tudo bem, boa noite, filha!
- Boa noite, mãe. - Beijei sua testa, e entrei. Fui até meu quarto, tirei os sapatos, amarrei o cabelo em um coque, e fiquei apenas de calcinha, em frente ao espelho. "Olha como o avião me deixa inchada? Preciso fazer urgentemente uma drenagem linfática"- Pensei. Fui beber um copo de leite, na cozinha. Depois voltei pro quarto, no caminho, senti ancia denovo. Vomitei. Comecei a ficar preocupada, mas não queria falar nada pra minha mãe. "Se amanhã eu continuar assim, eu vou no médico". Lavei meu rosto, e fui dormir.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Capítulo 20

- Isso é lindo! Espetacular!- Continuei. Olhei de um lado, era os Alpes Suíços, e do outro, era o lago francês "leman". E tudo divido, por uma ponte, que fazia divisa desses dois países. A altura da ponte, era imensa. Era a vista perfeita. Eu poderia ficar alí por muito tempo, admirando.
- Isso é Fastástico, Daniel.- Falei sorrindo, e tirando diversas fotos.
- Sabia que você ia gostar... Sempre que eu brigo com a Lilí, eu venho pra cá, esfriar minha cabeça.- Disse ele.
- Lilí?- Indaguei.
- Sim... Lilí é minha namorada... Ou ex, não sei. Ela está gravida de mim, mas é uma longa história...- Falou abaixando a cabeça.
- Bom, se você quiser me contar, eu tenho todo o tempo.- Disse sorrindo.
- Claro... Já que você quer ouvir... É assim, eu e ela moramos juntos, porém... Eu tenho um amor por esse carro, e toda hora eu quero mudar peças, e eu chego em casa, ela está dormindo, eu não tenho o que fazer lá, e vou arrumar as coisas no carro... Esses dias, ela acordou brava comigo, e voltou pra casa dos pais dela. Depois disso, ela não fala mais direito comigo. E bom, lembra o Emilien?
- Lembro, o policial?
- Exato. Então, nós somos melhores amigos, sabe? Ele é meu irmão quase. E ele descobriu que a esposa dele também está grávida...
- Que legal! De quantos meses ela está?
- Oito.- Falou ele rindo.
- OITO?- Perguntei indignada.
- Sim... Ele só foi perceber isso ontem! E porque ela falou pra ele... Ele está estressado com um caso lá na polícia, e anda ficando meio maluco, mais do que já é.- Caímos na risada, era bom ouvir outras histórias.
- Mas, e você, Milene? Qual sua história?- A minha alegria acabou, naquele instante, um nó se formou em minha garganta, e tentei segurar minhas lágrimas.
- É maior do que você imagina! Sou nova, mas ja vivi MUITO!- Falei.
- Bom, deixa eu ver... Se não me engano, seu pai me disse que você se casou com um jogador de futebol, lá do Brasil, certo?
- Certo.
- Que mal lhe pergunte... Porque ele não está com você?
- Bom... Nos separamos.- Falei com uma lágrima escorrendo dos meus olhos.
- Acho melhor não falarmos disso... Se isso te afeta.- Ainda bem que ele compreendeu.
- Obrigada... Talvez daqui a um tempo, eu esteja mais recuperada, e te conto. Prometo.- Falei sorrindo.
- Tudo bem, não se preocupe! Bom... Acho melhor irmos!- Falou ele olhando pro relógio.
- Já? - Perguntei triste.
- Sim, melhor... Já estamos aqui à 3 horas!
- Caraca!- O tempo voou ao lado dele, contando as histórias da vida.
- Vamos?- Disse entrando no carro.
- Fazer o quê, né?- Respondi entrando no carro. Então partimos de volta. Quando chegamos na cidade, eu falei:
- Daniel, você está ocupado essa noite?
- Não... Lilí está nos pais dela, eu iria pra casa... Porquê?
- Vamos comer alguma coisa?
- Vamos sim! Aonde?
- Sei lá, me leva pra algum lugar legal!
- Ok... Espero que goste!
- Eu vou, tenho certeza! - Então ele me levou até uma "Creperie". Onde faziam crepes parisienses, uma delícia! Comi um de queijo, e um de chocolate com macadâmia. Sensacionais. Ficamos conversando por um bom tempo, até que meu celular toca.
- Alô?

domingo, 15 de janeiro de 2012

                                                                 Capítulo 19

 Minha mãe sorriu satisfeita, e disse:

- Vamos? Daniel já nos espera.

- Ai Deus... E lá vamos nós!- Pensei alto. Entramos no táxi, e Daniel, bem humorado, foi conversando o caminho todo. Meu pai deve ter pedido pra ele andar devagar, pois ele realmente estava. Achei bom, não aguentava mais vomitar.
Fomos até o centro de Marsella, e compramos algumas coisas. Eu estava adorando a cidade, era muito simpática. Deu a hora do almoço, eu e minha mãe resolvemos comer em um restaurante de comida brasileira. Fiz a festa! Comi muito arroz, feijão, farofa, bife... Minha mãe impressionada com o tamanhodo meu prato, disse caindo na risada:
- Coma tudo que puder, por $3,99... Você levou a sério hein!- Eu também ri, na hora que olhei o tamanho do meu prato.
- É, a saudade do país... Você sabe que quando estou feliz, eu como mesmo- Continuei rindo.
- Que bom filha, saber que você está feliz!- Estar com minha mãe, me tirava um pouco da dor.
- E, você tem notícias do Lucas?- Mas nem ela conseguia tirar toda. Eu apenas engoli seco a comida, e abaixei a cabeça. Aquilo me abalou muito. Eu estava quase esquecendo do Lucas,  quando ela me lembra. Minha mãe não disse mais nada. Comemos em silêncio. E a dor, me consumia por dentro. Perdi toda a fome. Comi nem  metade do meu prato.
- Vamos embora?- Perguntei me levantando da mesa.
- Sim.- Assentiu minha mãe, e me acompanhou. Pagamos, e fomos embora. Daniel me esperava, pois meu pai iria buscar minha mãe, eles iam resolver algumas coisas, e eu preferi ir pra casa.
- Oi Daniel.- Disse entrando no Táxi.
- Oi Milene... Aonde vamos?- Me perguntou sorrindo.
- Não sei... Me leve a algum lugar que valha a pena. - Ele sorriu, e se virou.
- Conheço um lugar, que você vai ficar pasmada. É lindo.
- Onde é? - Perguntei curiosa.
- Surpresa. - Respondeu.
- Ah, não vale!- Falei rindo.
- Vale sim... Se eu fosse você apertava os cintos. Onde vamos é meio longe, e se demorarmos, vamos chegar só de noite, e vai perder a graça do Local. - Eu senti uma curiosidade, e eu fiquei destraída. Ele correndo como sempre, mas ja tinha me acostumado. Demorou umas duas horas e meia, quando Daniel disse:
- Estamos chegando.- Eu olhei pra frente, só tinha estrada, achei estranho.
- Tem certeza?- Falei debochando.
- Absoluta. Feche os olhos.- Eu obedeci. Adorava surpresas. Ouvi o carro parar.
- Continue de olhos fechados, vou até aí.- Disse Daniel. Ouvi a porta traseira do meu lado direito se abrir. - Não vale roubar hein...- Falou ele, gargalhando. Senti sua mão me puxar levemente pra fora do carro. Então eu saí, ainda de olhos fechados.
- Pode abrir.- Disse Daniel. Eu obedeci. Abri meus olhos, e me surpreendi.
- Nossa!- Falei espantada.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Capítulo 18


Coloquei minhas malas no chão, e esperei. Não demorou muito, e ouvi o barulho da porta se abrir, era minha mãe. Ao me ver, abriu um sorriso enorme, de orelha a orelha. E me abraçou, sem dizer nada. Minha cara condenava, eu não estava nada bem.
- Pequena...- Disse ela, limpando as lágrimas que escorriam em meus olhos.
- Mãezinha, que saudade!- Disse a abraçando de novo.
- Vamos entrar... Seu pai tá trabalhando, mais tarde ele chega.- Falou sorrindo, e entrando com uma das minhas malas. Eu a segui.
- E aí filha, como andam as coisas? Você tá melhor? - Eu não consegui responder. Eu coloquei minhas malas no quarto, me sentei na cama de solteiro que havia alí, e apenas chorei. Ela me colocou em seu colo, e eu chorei ainda mais. Pois eu estava sentindo que eu era amada, e ela me amava apesar de tudo. Fazendo cafuné na minha cabeça, e cantando a música que papai fez pra mim, passamos um bom tempo. Eu não consegui parar de chorar, estava doendo mais do que qualquer coisa, ficar longe do meu pequeno. Peguei no sono, e mesmo assim, esses ultimos dias, eu estava tendo sonhos muito pertubadores, nem dormir estava mais aliviando minha dor. Eu estava no limíte. Mamãe me acordou, com sua voz tranquila, e me fez comer uma torta que ela havia feito. Eu comi, porém, coloquei tudo pra fora.
- Mãe, acho que estou doente. Devo ter pego uma virose...
- Deve ser filha... Desde quando você está assim?
- Desde quando eu comi um Stroggonof, no avião.
- Acho que estava estragado... Acho melhor irmos à um médico.
- Não mãe... Vou ficar bem, fica tranquila.- Respondi me deitando novamente.
- Tudo bem, filha... Mas, se você continuar assim, me avisa, e vamos à um médico.
- Ok, mãe... Vou me deitar, pois estou muito cansada... Quando papai chegar, pede desculpas, e amanhã a gente se fala, tá?
- Tudo bem filha... - Disse ela, saindo do quarto e fechando a porta.
Deitei minha cabeça no travesseiro, e orei:
"Pai, sei que não ando falando pouco contigo... Sei que errei em ter me separado do Lucas, e isso está me matando. Eu sei que o que eu fiz foi errado, mas eu não me arrependo. Meu lugar nunca será no mundo dele. Ele é o homem da minha vida, e sempre será. Deus, onde quer que ele esteja, cuida dele por mim? Não deixe ele sofrer, conforta o coração dele... Eu o amo mais que tudo... Amém"
Fechei os olhos, e comecei a lembrar de tudo que passamos, meu coração estava em mil pedaços... Eu estava querendo viver sem respirar. Eu tinha que dar um jeito naquilo. Adormeci, e sonhei com aquele olhar, o último olhar que ele me deu, no aeroporto. O olhar de despedida. Quando ele se foi, ele levou tudo consigo, minha alma, meu coração, meu ar, a razão de eu existir. Era a única lembrança que me restara. Aquele crucifixo que ele havia esquecido em casa. O coloquei em meu pescoço, como uma forma de estar perto dele "Onde quer que você esteja, eu te levarei comigo, pra sempre. Te amo, pequeno". Disse segurando o crucifixo.Me levantei, fui até a cozinha, e tomei um pouco de água. Ninguém estava mais acordado. Voltei para o quarto, e tentei me acalmar. Tomei um Dramim, e dormi.
- Bom dia filha...- disse meu pai entrando no quarto.
- Bom dia, papai.- Respondi, acordando.
- Que saudade...- falou se aproximando.
- Pai, me abraça?- Ele sorriu, e me abraçou. - Te amo, papai. MUITO.- disse o apertando forte contra meu corpo.
- Eu também, filhinha... - Sorriu ele. - E como você está?- Segurei minhas lágrimas, pois não queria demonstrar a emoção, respirei fundo, sorri, e disse:
- Melhor agora, com você e a mamãe perto.- Ele me beijou na testa, e se levantou.
- Estou indo trabalhar, sua mãe vai ficar aí... Porque vocês não vão passear no centro de Marsella, pra conhecer?
- Claro! Vou me arrumar, e vamos... Você conhece um taxista bom que possa nos levar?
- Conheço sim! Ele chama Daniel!- Gelei nessa hora, meu estômago se revirou. DANIEL BOM? DESDE QUANDO?
- DANIEL?- Perguntei indignada.
- Você o conhece?
- Sim... Infelizmente- falei rindo.
- Ele é meio doidinho, mas é gente boa!
- Tudo bem, só pede pra ele andar mais devagar, tá?-
- Ok, Ok.- disse meu pai, pegando o celular e ligando pra Daniel. Fui me arrumar, e comer alguma coisa.
- Bom dia, mãe.
- Bom dia, Milene... Como você tá?
- Bem, mãe...- Desde que Lucas e eu nos separamos, eu disse umas 37 vezes, "Estou bem", e nenhuma delas foi verdade. Mas dessa vez, foi. Eu estava bem. Pois eu tinha que tocar minha vida.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Capítulo 17


Fiquei sentada lendo uma revista, até 02:30, quando o vôo foi anunciado. Passei pela segurança, e entrei no avião. Me sentei, e continuei lendo minha revista. Estava falando sobre culinária. Logo passou a comida, e aquela revista tinha aberto meu apetite rs. Peguei um prato de Strogonoff, e comi inteiro. Mas ainda estava com fome. Comi duas barras de chocolate branco com cookies, e duas latas de suco de pêssego. Agora sim, eu estava de barriga cheia. Fui tentar dormir. O avião começou a ter turbulências, comecei a ficar enjoada. Me sentei na cadeira e me lembrei "Putz, esqueci de tomar o Dramim". Tinha esquecido de tomar o remédio que tirava enjoo e anciedade, cabecinha avoada mesmo. Fui até o banheiro lavar meu rosto, e mais uma vez o avião balançou. Dessa vez o enjoo foi mais forte, e coloquei tudo pra fora. Vomitei tudo. Que droga, eu ter esquecido de tomar o remédio. Toda vez que eu viajava de avião eu tinha âncias de vômito. E também, acho que comi demais rsrs Voltei pra minha cadeira, e dormi. Até que sinto o avião freiar. Tinhamos chegado. Porém, em Paris. Era uma escala. Desci em Paris, e fui comprar algumas coisas. Comprei um perfume, e o Dramim. (risos). Tomei o Dramim, comi alguma coisa leve, e voltei pro Aeroporto. Peguei um Avião que descia em Marsella. Novamente, senti ância de vômito e tive que sair correndo pro banheiro, vomitar. Foi o perfume que comprei, era muito doce, e me deu até dor de cabeça. Esse vôo era rápido, portanto não demorou muito, e chegamos. Cheguei em Marsella. Senti o ar frio balançar meus cabelos, respirei fundo, fechei meus olhos, e disse:
- Que seja bom.
Fui até um ponto de táxi, porém, não haviam taxis disponíveis. Decidi então ir até um restaurante, almoçar. Depois de almoçar o famoso "Coq au Vin", fui caminhando, e vi que havia um taxi parado do outro lado da rua, só que tinha além do motorista, um homem dentro do carro. Decidi perguntar se ele estava de serviço.
- Olá, está de serviço?- Os dois homens me olharam, ambos sorriram. O motorista, era um moreno, de olhos azuis, cabelo raspado, com duas riscas loiras no canto direito, perto da orelha. O passageiro, tinha pele clara, olhos castanhos, e cabelos escuros e meio compridos.
- Sim, senhora. - Disse ele. - Emilien, em casa a gente termina essa história. - Disse o motorista para o passageiro, eles deveriam ser parentes.
- Pode entrar, senhora. - disse o passageiro que tinha saído do carro. 
- Pode me ajudar com essas malas?- Perguntei sorrindo.
- Claro, pra já!- Disse ele, me ajudando a colocar as malas no carro.- 
- Obrigada... Ah, prazer, Milene.- Disse cumprimentando ele.
- Por nada, Milene. Me chamo Emilien. E o motorista, chama Daniel.
- Ah, sim. Prazer em te conhecer, Emilien. Você mora aqui?
- Sim! Sou policial... E você?
- Não... Eu morava no Brasil, mas vim morar com meus pais, aqui. Sabe onde fica "Le 5º avenue?"
- Bom, acho que o Daniel sabe melhor, sou péssimo de rumo- Respondeu ele, rindo.
- Entendi... Bom, até mais. Preciso ir, estou atrasada!- Agradeci, e entrei no táxi.
- Oi, Daniel.- Disse sorrindo.
- Sabe meu nome, é?- Respondeu o motorista simpático.
- Sei sim, Emilien me disse. Olha... Se não for ser chata, mas eu estou meia atrasada... Você poderia ir um pouco mais rápido?- Falei.
- Ah, Claro! Bom... Tenho mesmo que testar algumas coisas que fiz nesse carro, acho que ficou bom... Dá tempo de eu terminar meu lanche.- Olhei pra ele confusa. Senti o carro se movimentar, e olhei do lado de fora do carro, não acreditei no que vi. As rodas estavam mudando sozinhas! O carro abaixou, ouvi o som da turbina.
- Olha, aperte bem o cinto, moça! 
- Claro...! - Respondi, aperto bem o meu cinto, pois estava sentindo que ele ia "pisar fundo". - Olha, quero ir na "Le 5º Avenue" tudo bem?
- Claro! Em menos de 5 minutos, se tivermos sorte, estaremos lá.- HAHA, eu desacreditei no que ele estava falando, achei que fosse brincadeira. Me enganei. Ele saiu cantando pneus, ultrapassando todos os carros, furando faróis amarelos, e sim... em menos de 5 minutos, lá estávamos nós, na "Le 5º Avenue". Ele freiou, e não consegui segurar, vomitei no carro dele. Pensei que ele ia ficar bravo, mas não, ele estava rindo.
- Eu sabia... Fica tranquila, todos fazem o mesmo.- COMO ASSIM, TODOS? Ele dirigia assim com todos? OMG.
- Obrigada, Daniel... Até mais. E desculpa pela bagunça.- Disse, sorrindo e saindo. E lá estava eu, parada na frente da casa de meus pais. Respirei fundo, e toquei a campainha.
Capítulo 16


Chegando em casa, terminei de guardar algumas coisas nas malas, e peguei meu passaporte. Fui até o Consulado Francês, pra pedir uma estadia longa no País deles, expliquei toda a minha situação, foi complicado, mas como meus pais moravam lá, eles assentiram, e me deram a permissão. Estava aliviada, essa parte estava tranquila. Agora, eu tinha que ir no Aeroporto compra a passagem... Mas antes, resolvi passar na casa do Neymar e da Carol. Buzinei, e Neymar saiu, de chinelo, sem camisa e de samba canção. 
- Iai, neguinha... Tá melhor?- disse ele sorrindo.
- To sim, pretinho... Mas, tenho uma notícia.- Respondi descendo do carro e indo em direção a ele.
- Notícia?- Perguntou ele coçando a cabeça.
- Bom, eu vou morar em Marsella com meus pais...- Respondi, sorrindo.
- Sério? - Sorriu Neymar, aliviado.
- Sim... Vai me fazer bem... Respirar novos ares, né?- Eu retribui o sorriso, e continuei.
- Boa sorte lá no Barcelona, tá? Eu sei que é só empréstimo, mas que você possa se firmar lá, e fazer muito sucesso, você merece! 
- Poxa, obrigada, irmã! - Disse Neymar, me abraçando. - Vou sentir sua falta, doidinha...- disse ele ao meu ouvido. Eu também sentiria muita falta dele, pois eu amava muito Neymar, era como meu irmão.
- Ai Ney, não chora! Porque assim eu choro também, pô! Sabe que sou mantegona- O abracei denovo, e ambos choramos. Era engraçado ver ele chorar, mas despedidas sempre são doloridas.
- Ney... Cadê a Carol? -
- Lá dentro... Ela não tá muito boa, acho que tá de TPM- Falou sorrindo.
- Entendi, vou lá me despedir dela, e do filhote, né? - Ele sorriu e disse:
- Poxa, é a primeira vez que nos separamos, né irmã?
- Sim maninho... Mas a vida é essa, né? 
- Eita vida estranha - respondeu caindo na risada.
- E bota estranha nisso!- falei acompanhando ele na risada. - Entrei na sala, e Carol estava deitada no sofá.
- Oi Carol...- disse indo pra perto dela.
- Oi, Mi!- respondeu se sentando.
- Sim... Olha, tenho notícias...
- Boas ou ruins?
- Até que em fim, boas, né? Chega de desgraça! - Respondi gargalhando, ela e neymar também riram.
- Me conta logo, mulher!
- Eu vou morar em Marsella com meus pais.
- Sério? Poxa Mi, vai ser muito bom pra você!
- Vai sim... Vou sentir a falta de vocês, seus putos.- disse dando um soco no braço de Neymar.
- É, e nóis de você doidinha!- Respondeu Neymar beliscando minhas bochechas.
- Bom, é isso... Eu vou hoje pra lá... Vou no aeroporto comprar as passagens, e vou.
- Entendi... Bom, quando você quiser nos visitar na Espanha, só dar um toque, viu?- disse Carol sorrindo.
- Digo o mesmo! Quando quiserem ir em Marsella, me avisem. Vou esperar. Cadê o pequeno?- perguntei.
- Dormindo, ele tá doentinho... - respondeu carol.
- Ah, sim.. Dá um beijo nele, tá?- Neymar estava de cabeça baixa do meu lado.
- Ney, para de chorar!- Disse gargalhando.
- HAHAHA, é que não sei você, mas eu amo minha maninha e ela vai pra muito longe de mim. E talvez nunca mais nos vejamos.
- Vira essa boca pra lá... Vamos nos ver muito ainda...- Eu o abracei, e limpei as lágrimas que escorriam em seu rosto.
- Te amo, Milene. -
- Te amo, Neymar!
- Te amo, também, Carol... Vocês foram muito importantes na minha vida, obrigada por tudo, tá?- Nos abraçamos, e choramos. Eu não sei como eu conseguiria ficar longe deles, pois a vida toda fomos grudados, desde a época da escola, e eles me acolheram todas as vezes... 
- Obrigada mesmo. Obrigada por t...tudo- disse me levantando e limpando meu rosto, que estava completamente molhado de lágrimas.
- A gente que deve te agradecer... Nunca se esqueça da gente, tá?- Disse Carol.
- É, e pode chamando no BBM, e etc. - Disse Neymar.
- Ok, Ok. A gente mantém contato. Certo? Não vamos nos desunir.- Respondi sorrindo. - Neymar e Carol foram comigo até o portão, eu abracei eles novamente, respirei fundo, e fui embora. Fui até o aeroporto, eram 22:16. Consegui passagem pra 02:50. Fui no Chek-in, e fiquei esperando. Quando deu 00:10, começou uma movimentação no Aeroporto. Gelei. Era ele. Lucas. Vi de longe a multidão ao redor dele, não me aproximei, fiquei de pé, ao lado das cadeiras de espera. Os seguranças afastaram as pessoas, e Lucas continuou andando rápido. Até que foi chegando perto de mim, eu coloquei meu capuz, não queria que ele me visse. Tarde demais. Nossos olhares se cruzaram. Senti um arrepio. Vi confusão no olhar dele. Eu me virei. Me sentei, e fingi mecher no celular, mas eu tremia, e minha respiração estava descontrolada. Voltei a olhar, e novamente, nossos olhares se cruzaram. Ele se virou, e entrou no vôo. Senti que uma parte de mim, ia com ele. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Capítulo 15


Fui indo para a cafeteria, fui andando, observando as lojas, quando senti uma mão, suave nas minhas costas, me virei, era uma garota, de uns 13 anos, loirinha, cabelo no ombro, sorridente, usava aparelho nos dentes. 
- Oi!- ela disse.
- Oi, linda! - respondi, sorrindo.
- Me desculpa, mas você é a esposa do Lucas, certo?- Gelei nessa hora, pigarreei, sorri e disse:
- Sim, porque?
- Ai meu DEUS!- disse ela, chorando. Ela me abraçou, eu pensei "ai Deus, uma fã do Lucas..." tudo que eu precisava.
- Qual é seu nome, fofa?- Perguntei.
- Th..Thays. - Disse ela em meio as lágrimas.
- Você é fã do Lucas? - Ela sorriu, e disse:
- Sim! Mas, eu te amo, sabe? 
- MINHA fã? Você me ama? Porquê? - Respondi caindo na risada.
- Meu, você é minha diva! Você é linda, perfeita... E o Lucas, te ama! E isso me faz feliz, vê-lo feliz ao seu lado.- Coitadinha, mal ela sabia de tudo. eu não ia estragar a felicidade dela, por isso não disse nada, apenas concordei com o que ela dizia.
- Posso tirar uma foto com você?- Perguntou ela.
- Claro!
- Ai meu Deus, ninguém vai acreditar que isso aconteceu... Ai Jesus... - ela foi pegar o celular da bolsa, e derrubou no chão, então eu peguei pra ela, e entreguei em suas mãos.
- Ai Deus, desculpa, Milene! É que eu estou tremendo, olha.- Disse ela, colocando as mãos dela nas minhas, realmente, ela estava tremendo.
- Calma, linda! - disse sorrindo, e ela retribuiu o sorriso. Então tiramos a foto.
- Ai Milene, não sei como te agradecer, você realizou meu sonho! Obrigada, Obrigada, Obrigada!- Ela me abraçou, e eu retribui. Senti sinceridade naquele abraço, e me senti bem, mesmo sabendo que estava mentindo pra ela, ao confirmar que era esposa do Lucas.
- Linda, agora tenho que ir...- Disse me despedindo.
- Tudo bem... Obrigada mesmo! E, se não for pedir demais, fala pro Lucas que eu amo ele? rs - Eu sorri, e respondi:
- Claro! Beijo linda!
- Beijo!- Ela me abraçou mais uma vez, e saiu correndo, toda feliz olhando pro celular, vendo a foto que tiramos juntas. Eu estava com a consciência pesada, mas eu não era tão má, a ponto de estragar a felicidade daquela garota, que me parecia tão sincera. Voltei a andar e observar as lojas... Nada me interessava. Cheguei na cafeteria, e me sentei. Veio o garçon, e eu pedi um Smoothie de avelã. Não demorou muito, e Fátima chegou. Veio toda sorridente, e eu retribui. 
- Oi Milene... Bom, conseguimos entrar em um acordo, né?- disse ela tirando os papéis da bolsa.
- Sim... 
- Bom, você assina aqui...- disse ela apontando os locais onde eu assinaria. E lá estava a assinatura do Lucas, tão linda... Peguei aqueles papéis, depois de assinados, segurei eles, respirei fundo, e os entreguei.
- Esse é o fim.- Disse abaixando a cabeça.
- Infelizmente. - Respondeu Fátima, segurando em minha mão.
- Tudo bem... "Nem tudo que acaba, tem final", certo?- Disse, sorrindo.
- Certo... Bola pra frente! Ah, antes que me esqueça... Boa viagem!- Disse Fátima sorrindo.
- Obrigada... Obrigada por tudo, Fá! Você tem sido maravilhosa... O Lucas tem sorte de ter essa mãezona! rs
- Ah, você sempre benevolente! Fofa!- respondeu fátima.
- Fá, e o Thi?- perguntei, preocupada... Ele ainda estava em coma....
- Bom, o Thi está melhor, já está saindo aos poucos do coma... Mas, você sabe, o processo é devagar, né?- Disse ela, entristecendo.
- Entendi... Melhoras pra ele, eu gosto muito dele! Espero que ele se recupere logo... Coitado.- Respondi, com um tom de pena, e era o que eu sentia.
- Obrigada, Deus vai ajudar... Eu vou ficar esse mês ainda aqui, e quando o Thiago se recuperar, eu viajo de vez pra Ucrânia.... Vou cuidar do meu pequeno, né?
- Tá certa... Bom, preciso ir! Só isso, né? 
- Sim... Por enquanto. Mas, eu acho que o resto a gente resolve por telefone!
- Ok, então. Olha, eu vou tentar ir pra Marsella amanhã! Mas, eu te aviso... ok?
- Certo, lindinha! Boa sorte...
- Obrigada... Até mais.
- Até.- Nos cumprimentamos, e eu fui embora pra casa. 
Capítulo 14


- Filha? - Respondeu.
- Mãe? - disse eu, com uma voz embargada, de saudade.
- Minha filha! O que aconteceu? Você tá bem? - Sim, ela sabia que eu não estava bem, só por ouvir a minha voz.
- Mãezinha...- Minha voz falhou, não consegui conter minhas lágrimas, elas vinham sem controle, e não consegui dizer mais nada, eu só chorava...
- Filha, o que aconteceu? Se acalma... Foi o Lucas? O que ele te fez? - Eu não conseguia falar, pois toda vez que eu tentava, meu coração apertava, e era como se eu estivesse sendo esfaqueada... Não aguentava mais de dor.
- M...Mãe...- Solucei, tentando acalmar minha mãe que me fazia mil perguntas ao mesmo tempo, de preocupação.- S..Se A...Calma... E...Eu To..oo bem...- consegui dizer um "bem". Mas era mentira. Eu não poderia estar pior.
- Filha, se acalma, bebe uma água, e depois você me liga, tá? - Disse minha mãe serenamente. Eu sentia uma paz na voz da minha mãe, assim como eu sentia na voz do Lucas... Ah, o Lucas. O motivo de tudo.
- Ok... M..Mãe. Já..a te li..go. - Desliguei o celular, me levantei, fui até a cozinha, abri a torneira, e enfiei minha cabeça debaixo. Me molhei toda, mas eu senti um alivio, talvez por segundo a dor tinha amenizado. Desliguei a torneira, e bebi um copo de água. Não deu muito tempo, meu celular toca, era minha mãe. Respirei fundo, e atendi.
- Alô?- disse.
- Tá melhor filha?- Perguntou ela.
- Sim, mãe... Tô "melhor".- Respondi.
- Agora que você está calma, pode me contar o que aconteceu?- Eu precisaria me controlar pra contar, eu tentei.
- Mãe, eu e o Lucas...- Parei, respirei e continuei.- nos separamos.- Houve um silêncio de uns 15 segundos.
- Eu ouvi isso?- disse minha mãe, inconformada.
- Sim.- respondi.
- Mas, qual o motivo?- Perguntou.
- Mãe, pensa comigo: eu estava com ele, mas ele estava infeliz. Ele me ama, e eu o amo. Mas as vezes só o amor não basta. Eu estava atrapalhando a carreira dele, e isso estava me matando. Outra, a ex dele apareceu, e disse muitas coisas que me magoaram, e o Lucas não desmentiu. Não deu certo mais, mãe. Foi isso.- Terminei, respirando falhadamente.
- Entendi filha... Bom... Mas, porque você ligou?- perguntou ela, tentando me acalmar.
- Bom, você sabe como eu amo o Lucas, e nada disso tem sido fácil. Mas, como não era o bastante, ele foi vendido pra um time da Ucrânia. -
- UCRÂNIA? - disse minha mãe, interrompendo.
- Sim, Ucrânia...- respondi.
- Mas, iai? Como fica o divórcio?- perguntou.
- Mãe, ele queria me dar muitas coisas, mas eu não aceitei, só aceitei o que era meu, pois não quero que ele pense que sou interesseira. Que eu quis me divorciar pra ficar com tudo dele. Eu não preciso disso!- Respondi.
- Tá certa filha... É assim que eu e seu pai ensinamos. Só querer o que é nosso. Mas, você vai ficar bem aí no Brasil? Aonde você tá morando?
- Ah, isso é outra coisa... Então, eu estava com o Ney, e a Ca... Porém, eles meio que me "expulsaram". A Carol está MUITO estranha... E você sabe como ela manda no Ney, né?
- EXPULSARAM? COMO ASSIM?- disse indignada.
- Vieram com papo, de que eles tinham a vida dele, e etc. E também o Ney vai ser emprestado pra um time da Espanha, e é complicado... Eu entendo o lado deles, né? Mas, é difícil, pois tiraram de vez o meu chão, eu estou perdida! - Respondi, tentando me controlar...
- Filha, me corta o coração te ver assim... Mas, o que eu e teu pai podemos fazer pra te ajudar?
- Mãe, Lucas vai amanhã pra Ucrânia... Ou melhor, HOJE, às 00:30... Eu vou vê-lo de longe, partir, e sei lá... Eu queria passar um tempo aí com vocês, to precisando de um colo de mãe...
- Filha, arruma suas malas! Pegue o primeiro avião pra Marsella! A França te espera!- Respondeu ela, toda animada, e aquilo me animava também, pois eu estaria ao lado dela. E nada melhor do que colo de mãe.
- Ah, mãezinha, eu sabia que poderia contar com vocês... mesmo eu tendo sido uma filha relápsa, vocês sempre me acolheram. Eu te amo, tá?- Disse. Aquele momento, eu não via a hora de poder abraçar minha mãe, e meu pai.
- Olha, vou ver se consigo vôo pra amanhã, hoje tá em cima da hora... E também aqui em SP, só tem pra Paris.. Vou ter que pegar outro pra Marsella... Mas, até Segunda, eu tô aí, tá?- Disse, me animando.
- Claro, filha! Faça tudo no seu tempo, não se apresse. Estaremos aqui te aguardando. Quando estiver vindo, avisa, tá?- Respondeu minha mãe, com uma voz alegre.
- Claro, mãe. Muito obrigada.. Agora preciso desligar, vou encontrar com minha sogra... Ops, ex-Sogra, né?
- Ah, sim... Vai lá, filha! Qualquer coisa, me liga! E, boa sorte...
- Obrigada mãe... Te amo, beijos.
- Também te amo, Beijos.- Desliguei. Fui tomar um banho, pra lavar meu cabelo, que eu havia molhado inteiro na pia. Eu estava mais aliviada, de saber que estaria viajando pra perto dos meus pais. Me troquei, e peguei meu celular:
- Fá?
- Oi pequena...tudo bom?
- Sim, estou ótima!- Respondi, animada.
- Fico feliz, por isso... Mas, que mal lhe pergunte, de onde vem toda essa animação?
- Bom, eu vou amanhã pra Marsella, na França, vou passar um tempo com meus pais.
- Ah, entendi! Isso vai ser muito bom pra você, minha linda... Mudar os ares, né?- disse ela, rindo delicadamente.
- Isso, estou precisando... Mas, vamos ao que interessa. Mudou o contrato?
- Sim, mas Lucas insistiu que você aceitasse uma porcentagem daquele dinheiro...
- Tipo, quanto?
- 4 milhões, pelo menos.
- Não posso.
- Ele disse que não assina, se você não concordar.
- Ai, Lucas... Continua cabeça dura! Mal de leonino, né?
- Claro... Mas, na minha opinião, você deveria aceitar! Poxa, você estará sozinha a partir de agora! Em outro País, e não vai ficar dependendo dos seus pais, né?- Eu tinha que concordar, ela estava certa. Mas o orgulho não deixava.
- Olha, eu sei que ele está certo... Mas é muito dinheiro! Eu posso vender o iate, e pegar uma boa grana.
- Ele está inflexível. Ou aceita, ou sem acordo.
- Ai Deus! Tudo bem! Eu aceito, fazer o quê!
- Eita menina teimosa! É dinheiro, e dinheiro NUNCA é demais... Ainda mais pra nós mulheres, certo?- Disse Fátima rindo.
- É, tá certa... E quando eu posso assinar?
- Bom, o advogado vai redigir daqui a pouco... Se você quiser, posso ir aí...
- Bom, não estou mais na casa do Neymar, eu vim pra "casa". Vamos nos encontrar em uma cafeteria?
- Claro, qual?
- Aquela que fica dois quarteirões daqui, pode ser?
- Ok, pode sim. Até logo. Beijos.
- Me liga, pra avisar a hora, ok?
- Sim, linda, pode deixar... Até breve.
- Até breve, fá!- Respondi e desliguei. 

domingo, 8 de janeiro de 2012

Capítulo 13


Me levantei, e fui até meu carro. Entrei nele, e fui até minha casa e do Lucas. Ao entrar em nossa casa, senti um aperto no peito, pois comecei lembrar de tudo que eu e ele haviamos passado alí... Fui até nosso quarto, lá encontrei um bilhete em cima da cama, fui ler, estava escrito assim:


"Mi, minha princesa... Não sei o que aconteceu conosco, talvez o nosso amor teve um fim? Não acredito muito nisso, mas tudo bem. Infelizmente irei pra Ucrânia, e talvez nunca mais nos veremos =/ Só me promete uma coisa? Não esqueça de mim, tá? Pois eu nunca te esquecerei... Minha vontade é de voltar correndo pros seus braços, e nunca mais de deixar ir... Mas eu sei que você não me quer mais, talvez não me ame como eu te amo... Eu te amo hoje e eternamente... Beijo Lucas"


Lágrimas escorriam de meus olhos, eu não acreditava no que estava lendo, então era isso? Ele achava que eu não amava mais ele? Isso me doía demais, mas talvez fosse melhor, pelo menos assim, ele não iria voltar, e poderia seguir sua vida sem minha sombra. Peguei a carta, dobrei e guardei em minha bolsa. Me sentei na cama, e comecei a olhar ao redor... Todas as nossas coisas, e o cheiro dele ainda estava no travesseiro, ao qual eu peguei e abracei, como se fosse o próprio Lucas, e então chorei. Chorei de saudade, de dor, agora eu caí na real que eu estava perdendo o amor da minha vida, mas era tarde demais. Eu estava sem direção, eu não queria ficar alí. Não queria mais ficar no Brasil, ter que aguentar notícias do Lucas toda hora em jornais, revistas, televisão... Estava perdida em meus pensamentos, até que meu celular vibra. Olho no visor, um SMS. Era do Lucas:


"Acham que enlouqueci
Perguntam de você pra mim
Eu tento dizer que está tudo bem

Estou igual vivendo o irreal
Já se tornou banal
Me sentir mal, me sinto mal!
As cores lá fora me disseram pra continuar
Elas me disseram pra continuar (Eu já superei)
Mas eu queria suas mãos nas minhas
Revelar as fotos que tiramos e ninguém sabia
Da sua partida (Da sua partida)
Um sentimento tão forte
Eu sei que tive sorte
Aquilo não era o que eu sou
Agora eu sei muito bem quem sou
E o que me tornou
Tão igual vivendo o irreal
Perguntei do final pras flores
As flores são parte do total
Já se tornou banal
Me sentir mal, me sinto mal!
As cores lá fora me disseram pra continuar
Elas me disseram pra continuar (Eu já superei)
Mas eu queria suas mãos nas minhas
Revelar as fotos que tiramos e ninguém sabia
Tudo que eu penso parece que é você
Eu tento, luto, venço, mas não vou esquecer
o que eu falei te fazia chorar
Não te ouvia falar
Só te peço perdão
Hoje escrevo pra que leia de onde estiver, e entenda que eu não
Duvidei do amor.."
Te amo, pequena. Não esquece. Estou indo pra Ucrânia hoje às 00:30.        Lucas.         



Porque ele fez isso comigo? Ele sabia que eu amava essa música do Cine, e ela tinha tudo a ver com nossa história, aquilo acabou comigo. Peguei minhas coisas da gaveta, coloquei em algumas malas, e outras em sacos plásticos, tirei tudo que era meu dalí, e coloquei tudo no carro. Entrei nele, me sentei e respirei fundo, segurando minhas lágrimas... Eu já não tinha mais forças pra suportar. Neymar e Carol haviam virado as costas pra mim, eu estava sozinha. Perdida. Sem chão. 
Até que tive uma idéia, e talvez fosse conveniente. Peguei meu celular e liguei.
- Alô?                                                                                                                          

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Capítulo 12


- Porém, Milene... A gente não pode prender a "nossa" vida, por causa da sua!- continuou Neymar.
- Isso mesmo. A gente tem um filho pra criar, o Ney vai pra Espanha mês que vem, de empréstimo... E você sabe como é complicado! Imagine ter que te levar junto? Me desculpa, Milene, mas já deu!- Disse Carol, transtornada. Eu não estava entendendo o porque eles estavam daquele jeito. Agora que eu precisava deles, eles simplesmente me jogaram do caminhão de mudanças. Mais do que nunca, eu teria que juntar todas as minhas forças, e lutar pra superar. Mas, eu não tinha a mínima idéia de como eu iria viver a partir de agora. 
- Eu entendo, desculpa ser um peso na vida de vocês... Obrigada por vocês terem me acolhido. Olha, eu vou pra minha casa segunda-feira. Tudo bem?- disse, controlando meu nervoso.
- Sim, claro. Olha nós não estamos te expulsando, mas é que você sabe... É difícil.- disse Neymar.
- Eu entendo. Fiquem tranquilos. Eu dou um jeito.- Respondi. A campainha tocou. Filó foi atender.
- Dona Milene, é a Dona Fátima... - disse filó.
- Pede pra ela me esperar na mesa perto da piscina...Já estou indo. - Respondi.
- Preciso ir... Mas, estamos conversados? Segunda eu deixo vocês em paz.- Dei uma piscadinha, me virei e saí. "Agora mais essa, pra minha cabeça", pensei. Além de me separar do Lucas, Neymar e Carol, simplesmente me abandonaram. Ok, sería literalmente, eu e Deus. Saí pra fora de casa, e me encaminhei até onde Fátima estava. Ela levantou-se e me deu um abraço, dizendo:
- Está melhor?
- Sim... Estou levando...- Respondi, abaixando minha cabeça, e me sentando.
- Olha, se precisar de alguma coisa... só me avisar, tá?- disse fátima.
- Obrigada...- respondi, sorrindo.
- Bom, Lucas me disse, que pode ficar com a casa e tudo que há nela, pra você. O Iate, também... E ele vai te dar mais uma quantia em dinheiro... No valor de R$12 milhões.- Me assustei com tudo aquilo, fiquei pasma. Olhei pra Fátima, e disse:
-Olha Fá, agradece ele, mas não quero nada disso... Sabe? Nada disso vai me trazer felicidade, e muito menos ele de volta... Então, o máximo que posso aceitar é o iate, porque o C. Ronaldo me deu de presente de casamento, e meus pertences. Fora isso, não quero nada... Nem dinheiro, nada.- Ela me olhou espantada, e disse:
- Tem certeza?
- Sim. Absoluta.- Respondi firmemente.- Só quero o que é meu.- Terminei.
- Você é uma menina de ouro, sabia?- disse Fátima.
- Obrigada, Fátima. Eu sei que ele lutou por isso, e não teria a consciência limpa de levar na boa, o que ele lutou pra conquistar... - Terminei.
- Bom, se é assim... Tudo bem. Preciso refazer o contrato... Mais tarde eu volto, tá?- Disse Fátima se levantando.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Capítulo 11

- Milene?- Disse uma voz vindo da porta. Eu não tinha forças pra responder, pois havia sido aberto um buraco tão profundo, que talvez nada pudesse curá-lo. Nada e nem ninguém. A única pessoa que poderia, era Lucas, mas para o bem dele, eu decidi deixá-lo ir. 
- Milene?- Continuou chamando a voz. Eu estava deitada no chão do quarto, no canto, chorando o que ainda me restavam de lágrimas... Nem abri meus olhos para ver quem era.
- Milene? O que aconteceu, minha filha? - Olhei e era Dona Fátima. Ela me abraçou, e disse:
- Minha pequena, vai ficar tudo bem... Fica firme. Está sendo difícil pra todos... Mas, vai ficar tudo bem.- Eu realmente queria acreditar no que ela estava dizendo, mas talvez os pedaços do meu coração, não pudessem ser mais colados, nem concertados, pois eles haviam sido queimados, até virarem cinzas. Eu abri meus olhos, e apenas acenti com a cabeça.
- Olha, só vim te avisar que o Lucas vai esse domingo pra Ucrânia. Eu só vou mês que vem, porque ele me pediu pra resolver as coisas do divórcio... Você está bem abalada, então eu venho amanhã, tudo bem?- Eu balancei a cabeça concordando. Ela se levantou, e foi pra perto da cama.
- Acho que ele esqueceu isso, né?- Disse Fátima. Eu olhei, e era o crucifixo dele. 
- Isso - falhei- Ele me deu, pra eu lembrar dele...- Era mentira, mas era uma forma de tê-lo comigo, sempre.
- Entendi... Fica bem, tá? Amanhã eu volto, e a gente se fala melhor... Se acalma.- Terminou ela, saindo do quarto.
Voltei para meu poço de depressão e dor. Um poço do qual nunca mais sairia. Dormi, até que acordei com Carol me chamando:
- Milene, acorda!- Dizia ela, com uma voz áspera. Então eu acordei. 
- Bom dia...- disse.
- Bom, agora que você acordou, se arruma, que eu, você o Ney, temos que conversar.- Eu estava confusa, mas acenti e me levantei. Entrei no banheiro, abri o chuveiro, me despi. Fui para a frente do espelho e vi minhas olheiras profundas, eu estava horrível. Entrei no chuveiro, e tomei um banho, para lavar minha alma. Saí revigorada. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, e coloquei meu moleton e um chinelo. Desci, encontro Neymar e Carol, ambos com feições um tanto preocupadas e nervosas. não entendi, porém me sentei na frente deles. 
- Milene, é o seguinte- começou Neymar dizendo.
- Olha Milene, você sabe que a gente gosta muito de você, e pra nós você é como nossa irmã... Porém...- Continuou Carol.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Capítulo 10

- Alô?- Respondeu Dona Fátima.
- Fá? - Disse.
- Sim, Milene... Olha, desculpa por isso que vou fazer, mas é pro seu bem. - Como assim, "O que eu vou fazer?". Engoli seco, e respondi:
- Não estou entendendo, Fá...- Senti uma mão em minha cintura, me faltou a respiração, desliguei o telefone. Senti alguem colocando as duas mãos ao redor do meu corpo, uma respiração falhada ao redor do meu pescoço, depois lábios roçando em minha nuca, todos os pelos do meu corpo se ouriçaram, me virei. Era "ele".
- Lucas?- Ele sorriu e me beijou.- Não o impedi, talvez aquele fosse o último beijo de nossas vidas, e eu ainda o amava. Nossos corpos imploravam um pelo outro, e ambos sabíamos disso.
- Isso é errado...- Falei me afastando de seus braços.
- Porquê? Você é legalmente minha esposa, ainda. E eu sei que seu coração ainda é meu. - Ele tinha razão, mas isso não estava nos planejamentos, eu tinha que me afastar dele, mas era quase impossível.
- Me beija. - Ele disse.
- Não posso.- Respondi. Ele disse:
- Já que você não quer, eu te obrigo.- Ele me pegou no colo, comecei a me debater e gritar "Pára Lucas, pára seu louco". Ele saiu correndo e subiu correndo, comigo no colo, as escadas, até o quarto onde eu estava. Me colocou no chão, e disse:
- O que acontecer a partir de agora, depende de você, não vou te obrigar a nada. E se você não quiser que nada mude, tudo bem, vou entender. - Meu coração estava acelerado, minhas mãos suavam frio, minhas pernas tremiam... Respirei fundo, tentando me controlar, me sentei na cama. Ele estava de pé em minha frente, de braços cruzados, esperando minha decisão. Ele estava lindo: calça jeans cinza, justa no corpo; camisa branca, gola em V; boné preto, aba reta de lado; tênis lacoste, branco. Me levantei. Ele se aproximou, e nos beijamos intensamente. Ele colocou suas mãos abaixo do meu bumbum e me levantou em seu colo. Eu amava beijar aqueles lábios macios. Ele me colocou em cima da penteadeira que havia alí no canto. Ele fechou a porta com o pé, e continuou a me beijar. Delicadamente, fui subindo a camiseta dele, até que terminei de tirá-la. Aqueles ombros torneados e morenos, me enlouqueciam... Ele fez o mesmo comigo, levantou minha camiseta, até que a tirou por completa. Ele me pegou no colo novamente, e me levou pra cama, terminei de tirar minha roupa enquanto ele beijava meu pescoço, e ele fez o mesmo. Ficamos nus. Mais uma vez, ou talvez a última vez, nossos corpos se uniriam e tornariam-se uma só carne e um só espírito. Depois de fazermos amor, nos deitamos um ao lado do outro. Deitei em seus braços, ele cheirava meu cabelo, e beijava minha cabeça, minha cabeça por mais que quisesse, não estava ali... Estava muito longe. Eu não suportaria viver na Ucrânia, e eu também o atrapalharia. Me levantei e disse:
- Já é tarde, melhor você ir.
- Você vem comigo?- Lucas disse olhando esperançosamente para mim.
- Não. E acredite, por mais que doa em ambos, é o melhor para nós. - Ele respirou fundo, e disse:
- Tudo bem... Mas não esqueça de mim, tá? Eu sempre vou te amar, Milene. Sempre. - Eu também o amava, e isso era fato. Mas eu o amava a ponto de deixá-lo ir, só pra ver ele feliz e bem sucedido. Ele levantou-se e começou a se vestir. Eu fiz o mesmo. Eu estava de cabeça baixa arrumando minha sandália nos pés, quando levantei e vi que ele estava chorando.
- Porque está chorando?
- Porque eu vou, mas meu coração fica aqui, com você. - Ele queria me torturar, só podia.
- Vai ser o melhor, já disse. Vá e faça como se eu nunca tivesse existido. Vai ser mais fácil você na Ucrânia.  -Ele terminou de vestir-se, assim como eu. Ele me abraçou, e me deu um selinho.
- Eu te amo. Não esquece.- disse Lucas com um olhar implorando pra que eu fosse com ele. Mas eu estava certa do que fazer. 
- Eu também te amo. Agora vá. - Respondi friamente, tentando disfarçar o desastre que em breve aconteceria em meu coração, sem ele. Ele me olhou pela última vez, respirou fundo e soltou minha mão. Beijou minha testa, virou-se e desceu as escadas. Esse tinha sido nosso último encontro. Á partir de agora, seria apenas eu. Me sentei no canto do quarto, e me desmanchei me lágrimas. Aquilo doía mais do que qualquer coisa que pudesse existir. Eu precisava de Lucas, mais do que o ar que preciso pra respirar. Ele era simplesmente, meu TUDO. Mas às vezes o amor é assim: precisamos deixar ir, pra que haja felicidade pelo menos de um lado. E eu escolhi a felicidade dele.