domingo, 1 de setembro de 2013

Capítulo 14
- Milene? Milene! - Ouvia uma voz ao fundo chamar pelo meu nome, uma voz conhecida, a voz que trazia paz a minha alma... Era a voz DELE. Estava tudo tão confuso e embaçado, só conseguia ver luzes e a sombra de uma pessoa que sentia estar segurando no meu braço direito. A voz insistia: - "Milene" "Milene"... Aos poucos tudo foi se tranquilizando e fui voltando, estava feliz, teria encontrado com o Lucas? Ou apenas nossas almas teriam se tocado?
- Aonde estou? Lucas? - Acordei atordoada procurando por ele. Nada encontrei a não ser por um enfermeiro negro de estatura média que estava aplicando soro no meu braço direito.
- Que bom, a senhora voltou. - Disse uma (possivelmente médica) que estava na frente da minha cama.
- O que aconteceu? - Perguntei confusa.
- O avião teve uma turbulência, uma das turbinas tiveram falha e ouve uma descompressão, a senhora desmaiou. Mas o avião conseguiu fazer um pouso de emergência, e estamos aqui em um pequeno pronto socorro do Aeroporto de Berlim, na Alemanha.
- ALEMANHA? - Falei em voz alta indignada, e senti uma forte dor de cabeça. Coloquei a mão em minha cabeça e senti uma pontada. "Ai". Foi só o que consegui falar.
- É melhor a senhora manter o repouso. O voo para a Ucrânia parte amanhã as 7 da manhã. Fique aqui, suas coisas estão guardadas na recepção.
- Obrigada. - Agradeci e me deitei novamente. Tudo estava tão confuso, e tudo o que eu queria era poder ver o Lucas. Será que eu conseguiria ajudá-lo na recuperação? E o que foi o que senti quando estava voltando? Era a voz dele, disso eu tinha certeza... Apesar de que, eu já não tinha mais certeza de nada. Dormi durante mais algumas horas, e quando foi pelas 4 da manhã, fui acordada pelo enfermeiro avisando que os check-ins para o voo ja haviam começado. Me levantei com a ajuda dele, pois tudo ainda girava. Me arrumei rapidamente, e peguei minhas coisas na recepção. Por sorte o voo estava vazio, foi fácil para eles acharem minha bagagem. Segui até o ponto de check-in, e depois aguardei até a chamada do voo. Não demorou muito e o voo foi anunciado. Embarquei no avião, me sentei e a comissária de bordo veio servir comida para nós. Aceitei um prato de macarrão com molho ao sugo e uma água tônica. Enquanto isso, meu celular tocou na bolsa. Era Daniel, tinha cerca de 345 ligações não atendidas, e pelo menos umas 400 sms. Quando abri minha bolsa percebi que tinha um livro. "Only lovers survive" - Não me lembrava de ter comprado esse livro... Mas sem me questionar muito, comecei a ler... Era um romance de dois vampiros, que viveram um século juntos, mas o destino havia os separado. Talvez o amor deles não tivesse sido o suficiente... Pensei e refleti sobre mim e o Lucas. "Será que nosso amor não foi o suficiente? Será que alguma vez algo foi real ou forte?" Um nó na garganta se formou, e resolvi parar de ler o livro. Guardei-o de volta na minha bolsa, e aproveitei para mandar uma mensagem para Daniel avisando que ligaria para ele assim que desembarcasse. Perdi a fome, e pedi para que a comissária recolhesse meu prato. Tirei um outro cochilo, e novamente sentia a voz dele me chamar, sussurrando meu nome, como um pedido de socorro...
- Senhora? - Fui acordada pela comissária.
- Sim..- Respondi atordoada.
- Aperte os cintos, que iremos aterrissar no nosso destino.
- Ok. - Assenti, e apertei os cintos. Senti um alívio, mas um aperto no coração, um frio no estômago. Mil coisas se passavam pela minha cabeça...
Finalmente chegamos. Não estava tão frio, vesti um casaco mais grosso e segui até o táxi. O táxi me deixou no hotel. Ao chegar no hotel, liguei para Daniel e expliquei tudo o que tinha acontecido. Ele queria vir para Ucrânia, mas eu não deixei. Depois de muito insistir, acabou desistindo. Arrumei minhas coisas e fui tomar uma ducha. Ao entrar no banheiro, vi uma banheira. Não pensei duas vezes e a enchi, e entrei. Era como se todos os meus problemas estivessem sendo amortecidos por alguns segundos.


Obs: Pra quem ainda lê, agradeço desde já. E peço desculpas pela demora de um novo capítulo. E não, eu não desisti dessa história. Só estava pensando num final que não decepcionasse. Espero que entendam. Aguardem por novidades. Obrigada!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Capítulo 13

- Eu estava pesquisando na internet, e como meu parto foi normal, eu já posso viajar de avião. Mas a Lua é muito novinha, e não pode. Mas meu amigo Daniel, e o Neymar disseram que tomam conta dela enquanto eu vou.
- Você tem certeza que vai conseguir se separar da sua filha pra ir ver o Lucas?
-  Sim. Eu preciso ir vê-lo. Preciso dizer que a filha é dele, e que eu ainda o amo.
- Bom, eu não duvido mais disso. Tudo bem, querida. Me avise quando for, que vamos juntas.
- Minhas coisas estão quase prontas, e eu vou comprar passagem e hotel hoje mesmo.
- Tudo bem. Partimos cedo amanhã, então?
- Certo.
- Se cuida. E fica calma, vai dar tudo certo!- Disse Fátima tentando me acalmar, mesmo ela também estando descontrolada.
- Obrigada, Fá. Até amanhã. - Desliguei o celular, e mais calma, terminei de arrumar minhas coisas.
- Dan, vou no aeroporto... Você fica com a Lua?
- Pode deixar. Mas não quer que eu te leve?
- Não, eu vou de taxi.
- Ok. Fica bem, ok?
- Eu vou. - Então deixando-os na sala, fui para o aeroporto. Chegando lá, procurei uma agência de viagens, e logo achei.
- Olá, em que posso ajudar?- A bela senhora de meia idade, com cabelos castanhos cacheados que rodeavam seu rosto branco como a neve, e o delicado sorriso, que formavam um harmonioso rosto.
- Preciso de uma passagem pra Ucrânia, o mais rápido possível. E um hotel, qualquer um.
- Ok. Mas, se me permite... É só pra uma pessoa? O que leva a senhora lá?- Então abaixando a cabeça, tentando controlar meus pensamentos e pensar numa resposta, respondi enfim:
- Negócios.
- Legal. - Respondeu a vendedora percebendo que não era algo confortável para mim falar disso.
- Está aqui, dona Milene. O voo mais perto é na primeira classe, para amanhã ás 5 da manhã. E o hotel, fica a 5 minutos do aeroporto. É 3 estrelas. Tudo bem pra senhora?
- Ótimo! Pode reservar.- Então sorrindo aliviada, fiquei ali sentada planejando como iria falar para Lucas aquelas coisas que havia guardando a tempos. Como eu falaria pra ele? "Oi Lucas, quanto tempo! Então, temos uma filha! E ela é sua cara..." Obviamente eu não ia falar. Aliás...
Retirando de meus pensamentos profundos, a vendedora me chamou:
- Senhora Milene, aqui está. O voô parte as 00:15. - Me entregando a passagem, o voucher do hotel, e o passaporte, terminou dizendo:
- Se eu fosse a senhora, não demorava pra fazer chek-in. O aeroporto vai ficar cheio a partir das 21 hrs. Várias viagens pros Estados Unidos foram marcados pra hoje. Adianta as coisas, e espera lá dentro na sala vip.
- Obrigada pela dica. E obrigada por tudo. - Respondi sorrindo, e partindo. O frio na barriga já me dominava por completo, e um aperto na garganta me acompanhava a cada "Lucas" que surgia em minha mente. Eu jamais me perdoaria se ele não se recuperasse. Mas eu não sei se voltaria pra ele. Minha intenção era falar sobre a nossa filha. E era disso que eu iria falar. Estava resolvido que eu não tocaria no assunto "nós".
Seguindo as intruções da vendedora, fui até o chek-in. Fiquei esperando até a hora do meu vôo na sala vip. Contava as horas, minutos, segundos. Aquelas foram as 5 horas mais longas da minha vida. Olhei para o relógio, eram exatamente 00:00.
- Passageiros do vôo 876 da TAM rumo Ucrânia, favor encaminhar-se até o túnel, pois o avião irá partir em 10 minutos. - Era a hora. Me encaminhei até o avião, me acomodei, e resolvi tirar um cochilo.
Acordei assustada no meio do vôo, o avião estava no meio de uma grande turbulência.
"Prezados passageiros, pedimos que façam como será recomendado: coloquem a máscara de oxigênio, e façam a posição de emergência, pra sua segurança." - Falava uma voz calma, que vinha dos alto-falantes da aeronave. Um gelo tomou meu coração, e colocando minha cabeça entre minhas pernas, ouvi uma explosão vinda do meu lado direito, e em seguida, um enorme balanço. Senti minhas vistas escurecerem, tentei gritar, mas minha voz não obedecia, e de repende, senti  tudo escurecendo a minha volta, até que não ouvisse mais nenhuma barulho.